Neste sábado (18) começa oficialmente o Carnaval, mas em algumas cidades, como Belo Horizonte, já tem folia desde janeiro. Com aglomerações nas ruas e foliões distraídos pelo consumo de álcool, pela festa, pegação e música, aumentam as preocupações com golpes. Os mais comuns envolvem cartão de crédito e débito e os aplicativos de banco, que são usados para fazer pagamentos via Pix, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Golpistas disfarçados de vendedores ambulantes podem trocar cartões, as maquininhas usadas nas transações podem estar infectadas por programas maliciosos e até a tecnologia de pagamento por aproximação, considerada mais segura, pode ser utilizada por gatunos para extraviar dinheiro.

Segundo a Febraban, o folião deve estar focado em dois cuidados básicos: proteger e guardar bem seu telefone celular e o cartão de débito e crédito. Diminuir os limites de transações do Pix pode ajudar a evitar maiores prejuízos. Para isso, basta acessar a funcionalidade que está em seu aplicativo e permite que o cliente ajuste os limites de suas transações para valores que atendam sua necessidade e sua segurança.

A medida auxilia o cliente na gestão e no controle de transações por meio do Pix e está disponível na internet banking e nos aplicativos bancários dos celulares na área Meus Limites Pix.  Os aplicativos bancários contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização. Não há registro de violação da segurança desses aplicativos.  “Para que os apps sejam usados, há a obrigatoriedade do uso da senha pessoal do cliente. E as transações estão protegidas por token, biometria facial ou qualquer outro fator de segurança randômica que o banco do cliente ofereça”, afirma Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban.

Entretanto, muitos usuários anotam suas senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de Whatsapp ou em outros locais do celular. Também há casos de clientes que usam a mesma senha de acesso do banco em outros aplicativos, sites de compras ou serviços na internet, e estes apps, em grande parte dos casos, não contam com sistemas de segurança robustos e a proteção adequada das informações dos usuários.

TROCA DE CARTÕES

Segundo Volpini, o golpe mais praticado no Carnaval é o da troca de cartão. O golpista se passa por um ambulante e entrega a maquininha para o cliente digitar a senha do cartão. O falso vendedor se aproveita de um momento de distração do comprador e presta atenção na senha que está sendo digitada. Muitas vezes, o golpista também usa algum truque e desvia a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra. Isso permite que bandido descubra o código secreto.

O campo de senha deve mostrar apenas asteriscos e o cliente não deve aceitar fazer pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado. “Também é muito importante que a própria pessoa insira o cartão na maquininha e confira se o cartão devolvido é realmente o seu. Peça o recibo impresso da transação ou verifique se o valor está correto nas mensagens SMS que recebe no app do banco. No caso de pagamento via QR Code ou transferência, confira o valor e o destinatário do dinheiro”, afirma.

No caso de o cliente ter sido vítima de algum crime, ele deve notificar imediatamente seu banco para que medidas adicionais de segurança sejam adotadas, como bloqueio do app e senha de acesso, e fazer boletim de ocorrência.

GOLPE DA APROXIMAÇÃO

Criminosos também podem aproveitar o tumulto no bloquinho para aproximar maquininhas de mochilas ou bolsos para tentar ativar cartões de crédito com tecnologia sem contato, que permite pagamento sem senha.

Os pagamentos por essa tecnologia, entretanto, são menos suscetíveis a fraude, por gerar um dígito único, válido apenas em uma operação, segundo André Carneiro, diretor da multinacional de segurança da informação Sophos.

Para evitar problemas com essa modalidade de pagamento, é indicado:

  • Limitar o valor máximo para pagamentos sem senha no aplicativo do banco
  • Ainda via internet banking, é possível desativar a opção de pagamento por aproximação
  • Não deixe o cartão solto em bolsos ou bolsas
  • Compre uma mochila ou carteira que bloqueia o sinal NFC, responsável pela comunicação com a maquininha

GOLPE DA MAQUININHA

Quadrilhas brasileiras são referência global em burlar a segurança de máquinas de cartão. Uma delas foi a primeira do mundo a conseguir bloquear pagamentos por aproximação, para induzir a operação com inserção do chip, o que permite a aplicação do golpe conhecido como compra fantasma.

Esse esquema simula erros, a partir de um vírus, em máquinas de cartão para duplicar transações e, sem que lojista ou cliente percebam, realizar uma segunda cobrança ao cliente, de mesmo valor, mas direcionada à conta do golpista. Para infectar os aparelhos de cobrança, os cibercriminosos entram em contato com donos dos pontos de venda, por telefone ou até com telegramas, passando-se por funcionários das empresas de maquininhas ou bandeiras de cartão.

Segundo o professor de Direito do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Bruno Boris, o consumidor prejudicado por essa fraude pode acionar a Justiça contra o comerciante ou contra a empresa da maquininha.

PARA SE PREVENIR: INSTRUÇÕES PARA VÍTIMAS

Caso o crime tenha se consumado, resta à vítima informar o extravio ou a fraude às instituições bancárias e autoridades e registrar boletim de ocorrência. Para isso, sempre tenha em mãos uma relação de números de telefone para urgências. De acordo com Boris, quanto mais tempo a vítima demora para notificar os prejuízos, maior o risco de danos e menor a chance de reaver o estrago financeiro.

Confira 10 dicas para aproveitar o feriado do Carnaval em segurança:

  1. Proteja seu cartão e celular e não os guardem soltos em bolsos
  2. Ao comprar algo na rua, nunca entregue seu cartão para alguém inserir na maquininha e realizar o pagamento. Sempre faça este processo você mesmo
  3. Ao digitar sua senha, garanta que não esteja visível para quaisquer pessoas ao seu redor
  4. Não aceite realizar pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado, impedindo que você veja o valor real que está pagando
  5. Sempre verifique o valor digitado na maquininha e peça o comprovante impresso
  6. Se o vendedor informar que precisa passar o cartão novamente, desconfie. Verifique o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do seu banco
  7. Caso o vendedor necessite pegar seu cartão, cheque se o cartão devolvido é realmente o seu
  8. Mantenha o seu celular sempre protegido em situações de aglomerações. Em bloquinhos de carnaval, há possibilidades de furto do aparelho
  9. A senha deve ser única para acesso ao banco. Também use o bloqueio de tela inicial, biometria facial/digital para acessar o celular e os aplicativos. Ative o bloqueio automático de tela
  10. Em caso de roubo, comunique imediatamente o seu banco e registre um boletim de ocorrência

 

Fonte: O Tempo

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