A Escola Paraíso do Tuiuti no desfile do carnaval fez duras críticas ao atual governo brasileiro, principalmente à Reforma Trabalhista, à Reforma Previdenciária e entoou o refrão “não sou escravo”. Chamou a atenção também, a apresentação de figurante fantasiado de vampiro e com a faixa presidencial, em alusão ao atual presidente da República.
Também tivemos o desfile da Beija Flor, que foi a campeã neste ano, a mostrar a tragédia dos políticos e das políticas públicas adotadas no país, como a corrupção, a morte de civis, policiais assassinados e a falta de pudor dos políticos ocupantes de cargo público.
Já no desfile das escolas campeãs do Rio de Janeiro, no dia 17 deste mês, a Escola Paraíso do Tuiuti desfilou e o personagem do vampiro apareceu sem a faixa presidencial, denotando ter ocorrido alguma forma de repressão à escola.
O noticiário do carnaval do Rio de Janeiro foi marcado principalmente por notícias a mostrar os atos de violência urbana e a ausência do prefeito, Marcelo Crivella, por ter viajado para a Europa.
O presidente da República, no dia 16, logo após o fim do carnaval, para demonstrar não ser apenas um vampiro e ter agilidade para adotar ações extremas, anunciou e assinou decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, com prazo até o dia 31 de dezembro deste ano, com a indicação de um interventor militar.
É a primeira vez a se utilizar este instrumento de intervenção federal nos Estados, desde a promulgação em 1988 da Constituição Federal. O decreto de intervenção deve ser submetido e aprovado pelo Congresso Nacional para a intervenção poder ter continuidade.
A intervenção tem sido alvo de críticas desde o seu anúncio.
A primeira e mais óbvia consideração a ser feita é o fato da intervenção não ter sido planejada e, por isto, não ter um plano de ação e de logística detalhado das atividades a serem executadas.
Deve-se criticar o não uso da meritocracia, pois, poderia ter sido nomeado um interventor especialista em políticas públicas de combate ao crime, de um profissional de Estado com baixo índice de criminalidade, como o de São Paulo. Optou-se por adotar uma nomeação política, de um general do Exército, para militarizar a intervenção.
Além disto, a intervenção acontece após clamor da Rede Globo, a qual criticou a violência no Rio de Janeiro e a ausência de Marcelo Crivella no Rio de Janeiro, durante o carnaval, com o nítido intuito de desacreditar o prefeito, pois este é apoiado pela Rede de Televisão Record, rival da Rede Globo.
Desde junho de 2017 as forças armadas atuam junto com os órgãos de segurança do Rio de Janeiro no combate à violência no Estado, com operações conjuntas, com cinco mil homens das forças armadas atuando e, frise-se, com forte protagonismo do comando militar e de seu aparato de inteligência. Se o Exército já vinha agindo na cidade, porque não foram melhorados os ditos índices de criminalidade? Agora, com os mesmos integrantes, teremos melhores resultados?
Realça-se que a violência no Rio de Janeiro não acontece somente hoje, ocorre faz anos, mas porque este governo resolve enfrentá-la logo agora? Acontece que o atual governo, de Michel Temer, tem um alto índice de impopularidade e rejeição. Além disto, insistia em tentar aprovar medidas inaceitáveis para grande parte da população brasileira, como a reforma da Previdência Social, enquanto assinava decretos de isenção fiscal para empresários e agricultores. Quer dizer agrada alguns setores e quer penalizar os trabalhadores, aposentados e pensionistas.
No dia 19 deste mês, o governo retirou a Reforma da Previdência da pauta de votação e anunciou 15 medidas programáticas de incentivo para economia, as quais não têm efeito imediato e prático para economia, já foram precificadas pelo mercado financeiro, como a venda da Eletrobras e fazem parte de projetos que já tramitavam no Congresso Nacional.
Em enquetes realizadas, a população carioca aprova ações de combate ao crime no Rio de Janeiro, pois, como todos nós, não suporta vivenciar as crueldades advindas da violência.
O presidente, desde quando tomou posse, mostrou a sua grande capacidade de articulação política para conseguir executar suas ações de poder, ao manter controle sobre todo o Congresso Nacional, somente não conseguindo aprovar a Reforma da Previdência por ser 2018 ano de eleições para deputados federais e senadores. Além disto, consegue adotar ações para estancar operações, como “Carne Fraca”, com o uso hábil da estrutura dos Ministérios. Como se diz é “Raposa velha da política”, conhece todos os meandros do poder, sabe utilizar as reuniões informais para fazer valer o seu poder e estancar eventuais crises.
Agora, a criação de um Ministério Extraordinário da Segurança é, de certo modo desnecessária, pois esvaziou muito as atividades do Ministério da Justiça, ao retirar de sua alçada todo o arcabouço de segurança, principalmente a Polícia Federal. Já temos muitos Ministérios e poderia ter sido feito um rearranjo de suas funções.
No dia 18 de fevereiro foram enviados policiais da Força Nacional para o Ceará com o objetivo de auxiliar o combate ao crime organizado.
Quer dizer, uma intervenção federal na segurança no Rio de Janeiro, pode desaguar, em pleno ano eleitoral, em outras intervenções pelo país, tudo isto para um governo fraco e impopular, demonstrar forças com a utilização de ações midiáticas.

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