A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) vem usando as redes sociais para pedir doações via Pix aos seus seguidores. O objetivo, segundo ela, é arrecadar recursos para arcar com as multas decorrentes das condenações que vem enfrentando na Justiça.
Na última quarta-feira (14), o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli a 10 anos de prisão e ao pagamento de R$ 2 milhões em indenização por danos morais coletivos. A sentença se refere à invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 2023.
No post, a parlamentar afirmou que fez o apelo com o “coração apertado”, mas disposta a “enfrentar tudo de cabeça erguida”. “Fui condenada a pagar multas milionárias”, escreveu. Ela argumenta que, mesmo antes do trânsito em julgado do processo, já pode ser obrigada a quitar os valores. “Não tenho como arcar sozinha com isso”, declarou. “Essa é uma batalha por todos nós.”
A publicação foi acompanhada por um vídeo em que Zambelli nega ter cometido qualquer crime e alega ser vítima de perseguição política por parte do STF. Ela também mencionou o caso em que foi condenada por porte ilegal de arma, após perseguir um homem armada nas ruas, na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Segundo a deputada, ela responde atualmente a cerca de 20 processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) relacionados à disseminação de fake news. Como exemplo, citou uma multa de R$ 44 mil paga recentemente, com ajuda do pai, que teria vendido o carro para apoiá-la financeiramente. “Minha situação não está fácil. Vivo com meu salário de deputada, que não é baixo, mas com essa quantidade de multas fica impossível”, lamentou.
A condenação por invasão ao CNJ
A Primeira Turma do STF decidiu por unanimidade pela condenação de Zambelli à prisão e à perda de mandato, que deve ocorrer após o esgotamento de todos os recursos. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou a deputada como autora intelectual da invasão ao sistema do CNJ.
O objetivo da invasão teria sido a emissão fraudulenta de um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A execução da ação foi atribuída ao hacker Walter Delgatti Neto, que confessou o crime e foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão.
Segundo a Polícia Federal, Delgatti utilizou credenciais obtidas de forma ilícita para inserir documentos falsos nos sistemas do Judiciário. Ele alegou ter recebido um texto com instruções diretamente de Zambelli e apresentou extratos bancários que comprovariam repasses de ao menos R$ 13,5 mil feitos por pessoas ligadas à parlamentar.
Delgatti também afirmou em depoimento que Zambelli pediu que ele invadisse os sistemas de Alexandre de Moraes para tentar obter “conversas comprometedoras”.
Fonte: Estado de Minas