Um pouco sobre a História das Telecomunicações no Brasil – Parte 02, “Triste Destino” – Continuação
Há milhares de anos, um homem sem nome, carteira de identidade e titulo de eleitor, conseguiu passar uma mensagem para seu companheiro. Através de sinais, utilizando-se de signos até então desconhecidos… Este cidadão estabeleceu um código que trouxe uma possibilidade única em sí mesmo: o ato de comunicação.
Daquele momento até os dias de hoje, o homem vem aperfeiçoando a arte de comunicar-se, criar laços, romper fronteiras, derrubar barreiras… Todos os povos, todas as nações, perseguem o mesmo objetivo – o emissor transmite sua mensagem codificada, o receptor decodifica a idéia e apreende o sentido… E assim, as estórias podem ser contadas, as tradições podem ser perpetuadas, a memória tem o seu arquivo…
O outro fato que merece registro é referente ao fim dado ao minério de Xelita (Tungstato de cálcio, minério do qual é extraído o tungstênio), que foi recebido no Departamento de Rádio da Marinha Brasileira, para se extrair dele o tungstênio necessário para o recondicionamento das vávulas de transmissão. A Xelita é um minério do qual se extrai o tungstênio; por isso que o Departamento providenciou a vinda de uma grande quantidade de sacos, do Rio Grande do Norte.
Esses sacos eram guardados em um dos depósitos de madeira que, juntas com outras coostruções, também de madeira, formavam o anexo do prédio do Departamento de Rádioda Marinha Brasielira; eram barracos construfdos um ao lado do outro, com pequenas ruas sem calçamento, que alagavam em dias de chuva, fazendo um lamaçal desagradável. Com o final da guerra e a interrupção do serviço de recondicionamento de válvulas de TX, os sacos foram empilhados em um depósito de pouco uso até que se resolvesse o que se devia fazer com a Xelita. Nesse interim, o encarregado do serviço, Henry British Lins de Barros, teve que embarcar no N.E. “Almirante Saldanha”, para fazer uma viagem de instrução de guardas-marinha.
No regresso da viagem, este, voltou a servir no Departamento de Rádio, na mesma função. Em um dia, quando passava pelo depósito onde tinha mandado colocar a Xelita, constatou que ela não estava lá e então perguntou ao encarregado do depósito onde estava a Xelita. Com surpresa, verificou que o encarregado de nada sabia a respeito, porque era novo na função e quando lá chegara já não havia saco nenhum… Entao começou a investigar, falando com todos os marinheiros e civis que trabalhavam Iá . E acabou se descobrindo que a Xelita tinha sido usada para aterrar as ruas que separavam os barracos, o que acabou com a lama; e alguns até diziam que era um “cascalho” muito bonito. A Xelita nao teve um fim digno, mas um fim útil….
Torna-se necessário este relato, pois, em um futuro, em uma escavação qualquer, poderá ser detectada a presença de Xelita, podendo dar a impressao de que está sendo descoberta uma mina de Xelita, na Ilha das Cobras, junto ao Centro da Cidade do Rio de Janeiro…
Fonte: Livre adaptação pessoal de Alexandre Dezem Bertozzi, do Capitulo 05 do livro: História Geral das Telecomunicações no Brasil, Caderno I, Organizador Henry British Lins de Barros, Edição patrocinada pela XEROX do Brasil. 1992.
Henry British Lins de Barros/Foto: Divulgação
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