O Sul de Minas voltou a registrar casos de trabalho análogo à escravidão em 2025, especialmente em lavouras de café.

Em entrevista à EPTV, afiliada à Rede Globo, o auditor fiscal Leandro Marinho relatou as situações em que os trabalhadores foram encontrados nas lavouras de café.

“Restrição de liberdade, trabalho forçado, (…) frentes de trabalho sem nenhuma estrutura, sem instalação sanitária, ausência de fornecimento de água e também condições de alojamento muito precárias”, contou.

Somente em 2025, o Ministério do Trabalho e Emprego já realizou resgates em dois municípios da região: Machado (MG), onde dois trabalhadores foram libertados, e Conceição da Aparecida (MG), onde outro homem foi encontrado em condições degradantes.

Um dos casos mais graves envolveu uma criança de apenas 12 anos.

O auditor destacou que, embora a legislação brasileira proíba o trabalho infantil, o menor resgatado estava executando atividades perigosas e inadequadas para sua idade, o que configura grave violação dos direitos humanos.

“É uma atividade já proibida pela lista TIP [Trabalho Infantil nas Piores Formas], até para pessoas entre 16 e 17 anos. Todas as atividades são proibidas, salvo na condição de aprendiz, para os menores de 16 anos. (…) Isso gera uma degradação extrema“, explicou.

Problema recorrente

Apesar dos avanços na fiscalização, o ciclo da colheita do café continua sendo o período com maior número de ocorrências desse tipo de crime no Sul de Minas.

As vítimas, em geral, são pessoas em situação de pobreza, muitas vezes vindas de outros estados, que acabam aceitando trabalho sem contrato e sem garantias mínimas.

As equipes de fiscalização continuam monitorando as lavouras da região. Para Leandro, o enfrentamento do problema exige mais informação, denúncias e responsabilidade dos empregadores.

“Eles têm que deixar tudo muito claro: como vai ser o pagamento, a produção, quais os valores, condições de alojamento adequadas e também pagar a vinda, garantir o retorno sem custo aos empregados, (…) trazer com contrato formalizado“.

Histórico reforça alerta

Em 2024, Minas Gerais foi o estado com maior número de casos de trabalho análogo à escravidão no país.

Naquele ano, 66 das 105 ocorrências no estado foram em lavouras de café, ou seja, 62% do total. Boa parte delas em cidades do Sul de Minas:

  • São Sebastião do Paraíso – 27 resgatados
  • Aiuruoca – 10
  • Nova Resende – 11
  • Alfenas – 7
  • Juruaia – 6
  • Alpinópolis – 5

Como denunciar?

Casos suspeitos de trabalho análogo à escravidão podem ser denunciados de forma anônima e segura:

Disque 100 – Central de Direitos Humanos

MPT Pardal – Aplicativo gratuito do Ministério Público do Trabalho

Sistema Ipê – Plataforma digital da Secretaria de Inspeção do Trabalho

Também é possível acionar diretamente a Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais: (31) 3270-6100

 

Fonte: EPTV 1 e g1 Sul de Minas

 

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