A China alcançou um marco histórico na corrida global pela supremacia quântica com o “Jiuzhang”, um computador quântico que demonstrou capacidade de processamento muito superior à dos supercomputadores tradicionais. Em apenas quatro minutos, o sistema foi capaz de resolver um problema que levaria bilhões de anos para ser processado por um computador clássico, destacando o avanço chinês na fronteira tecnológica da computação quântica.

Desenvolvido por cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC), sob a liderança do físico Jian-Wei Pan, o “Jiuzhang” é baseado em uma abordagem fotônica, utilizando partículas de luz — fótons — em vez de bits ou elétrons para realizar seus cálculos. A máquina opera com 76 qubits, o que, por si só, já representa um salto em relação a versões anteriores de computadores quânticos.

O sistema se vale de componentes ópticos como lasers, espelhos, prismas e detectores de fótons para executar seus cálculos. A arquitetura do “Jiuzhang” emprega uma técnica chamada amostragem de bósons gaussianos, que permite contar e manipular partículas de luz com precisão extremamente alta. Esse tipo de tarefa é considerado impraticável para supercomputadores clássicos, que atualmente conseguem lidar com, no máximo, 5 fótons — enquanto o Jiuzhang trabalhou com 76, evidenciando sua superioridade em desempenho.

O feito coloca a China como o segundo país a reivindicar a chamada supremacia quântica, conceito usado quando um computador quântico realiza uma tarefa além do alcance de qualquer máquina clássica. O Google foi o primeiro, em 2019, com seu processador Sycamore, que usou qubits supercondutores para realizar uma tarefa em 200 segundos que levaria 10 mil anos para um supercomputador tradicional.

Diferentemente dos computadores clássicos, que operam com bits (0 ou 1), os computadores quânticos utilizam qubits, que podem estar em múltiplos estados ao mesmo tempo graças aos princípios da sobreposição e do entrelaçamento quântico. Isso permite que realizem cálculos com velocidades e complexidades que antes eram inimagináveis.

Embora a tarefa realizada pelo Jiuzhang — amostragem de bósons — seja altamente específica, sua importância é simbólica e técnica. Ela demonstra não apenas um salto em capacidade computacional, mas também abre caminho para futuras aplicações em química quântica, simulações moleculares, resolução de problemas matemáticos complexos e até no desenvolvimento de uma Internet quântica segura e ultrarrápida.

O avanço representado pelo Jiuzhang reafirma a posição da China na vanguarda da computação quântica e sinaliza o início de uma nova era tecnológica. Embora ainda estejamos nos estágios iniciais de aplicação prática dessa tecnologia, os resultados obtidos demonstram o potencial disruptivo dos computadores quânticos em diversos campos. À medida que as capacidades desses sistemas se expandem, o impacto sobre ciência, segurança digital e processamento de dados promete ser profundo e transformador.

 

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