O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a Venezuela e Cuba em um contexto de aumento da pressão internacional sobre Caracas e Havana, durante evento do PCdoB em Brasília.
“Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil, cada um será ele [próprio]. O que defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba”, disse Lula.
O pronunciamento ocorre em meio a preocupação regional com a movimentação militar dos Estados Unidos no Caribe. Um dia antes, a imprensa internacional noticiou que a CIA havia recebido autorização para conduzir operações secretas na Venezuela, medidas que violam o direito internacional e a Carta das Nações Unidas (ONU).
Lula também criticou a permanência de Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo. “O que nós dizemos publicamente é que Cuba não é um país de exportação de terroristas. Cuba é um exemplo de povo e dignidade”, afirmou. Historicamente, os Estados Unidos aplicam desde a década de 1960 um embargo econômico e financeiro contra Cuba, punindo empresas e embarcações que realizem comércio com a ilha. Com a nova administração norte-americana, essas medidas foram intensificadas, incluindo ameaças a países que contratam serviços médicos cubanos, uma das principais fontes de receita da ilha, que enfrenta uma crise econômica e quedas recorrentes de energia.
Na Venezuela, os Estados Unidos têm enviado milhares de militares, navios e aviões para o Caribe desde agosto, alegando combater o tráfico de drogas. Segundo a imprensa norte-americana, seis ataques já teriam sido realizados contra embarcações, resultando na morte de mais de 30 pessoas. O governo de Nicolás Maduro denuncia uma tentativa de “mudança de regime” e promete levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU.
Especialistas consultados pela Agência Brasil afirmam que os interesses dos EUA na Venezuela são geopolíticos, considerando que o país detém as maiores reservas de petróleo do mundo e não possui cartéis de drogas. Analistas de política internacional alertam que a ação representa um precedente perigoso, abrindo espaço para futuras intervenções dos Estados Unidos em outros países do continente sempre que seus interesses forem contrariados, lembrando práticas da Guerra Fria, quando Washington apoiou ditaduras militares na região.
Com informações da Agência Brasil










