O Ministério do Meio Ambiente (MMA) confirmou nessa terça-feira (25) que as últimas 11 ararinhas-azuis que ainda viviam na natureza, na zona rural de Curaçá (BA), estão contaminadas com o circovírus, um vírus letal para a espécie. Os exames foram realizados após a recaptura dos espécimes neste mês de novembro.

A ararinha-azul, considerada oficialmente extinta na natureza, começou a ser reintroduzida no Brasil em 2020, após um acordo do governo federal com a ONG alemã ACTP, que chegou a deter cerca de 90% das ararinhas do planeta. Em 2022, cerca de 20 aves foram soltas na natureza, mas apenas as 11 agora contaminadas permanecem vivas.

Segundo Cláudia Sacramento, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e coordenadora da emergência sanitária envolvendo as aves, algumas ararinhas doentes ainda convivem com os animais saudáveis, colocando em risco todas as mais de 90 aves mantidas em Curaçá. “O criadouro argumenta não reconhecer a validade dos laudos de laboratórios como o da USP e do Ministério da Agricultura e Pecuária”, afirmou Sacramento.

A origem do surto ainda não está confirmada. A empresa responsável pelo criadouro, BlueSky, afirma que as aves foram contaminadas por outras aves da região, enquanto especialistas apontam que o vírus, de origem australiana, não existia em liberdade no Brasil. A BlueSky foi multada em R$ 1,2 milhão por descumprimento de medidas de biossegurança, após constatarem-se condições inadequadas de higiene e manejo no local, incluindo fezes antigas, restos de comida e falta de equipamentos de proteção para funcionários.

Uma equipe multidisciplinar, formada por ornitólogos, veterinários, biólogos e assistentes de campo, atua para investigar os casos e conter a disseminação do circovírus, registrado pela primeira vez em indivíduos do Criadouro Científico para fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul (CCCPRAA).

O circovírus é responsável pela chamada doença do bico e das penas em psitacídeos, incluindo papagaios, araras e periquitos. Trata-se de uma enfermidade crônica e sem cura, que geralmente leva à morte das aves. Os sintomas incluem embranquecimento das penas e deformidades no bico. O vírus não representa risco para seres humanos nem para aves de produção, como galinhas.

Apesar do cenário crítico, o ICMBio afirma que o Brasil não desistirá da reintrodução da ararinha-azul, espécie endêmica da caatinga e considerada uma das mais raras do mundo.

Com informações do Metrópoles

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