Garantir um futuro financeiro confortável sem abrir mão de aproveitar o tempo presente é uma das principais dificuldades do consumidor brasileiro na hora de administrar as finanças.

De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) o levantamento foi realizado em todas as capitais, 56% dos brasileiros reconhecem que não conseguem aproveitar a vida da maneira ideal em razão da forma com que administram seu dinheiro.

Os dados que mensuram o bem-estar do consumidor até apresentam uma pequena evolução nos últimos 12 meses -ao passar de 47,5 pontos em julho de 2017 para 48,4 pontos em julho deste ano- mas ainda assim permanecem em baixo patamar. Isso porque, quanto mais próximo de 100, maior o nível médio de bem-estar financeiro da população; quanto mais distante de 100, menor o nível de conforto. Por bem-estar financeiro, entende-se o estado em que o indivíduo tem capacidade de honrar as suas obrigações financeiras, sente-se seguro com relação ao futuro financeiro e pode fazer escolhas que lhe permitam aproveitar a vida.

A abertura dos dados por gênero mostra que, entre os homens, o nível médio de bem-estar financeiro é maior do que entre as mulheres. No primeiro caso, alcançou 49,3 pontos em julho, enquanto no segundo, foi de 47,5 pontos. Já a abertura dos dados por faixa etária mostra os consumidores mais velhos (51,2 pontos) à frente dos mais jovens (46,9 pontos). Já nas classes A e B, o indicador alcançou 52,5 pontos, enquanto nas classes C, D e E atingiu 47,2 pontos.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o leve crescimento no índice de bem-estar do brasileiro no último ano comprova que a melhora do ambiente econômico não alterou de forma considerável a condição financeira das famílias, que seguem lidando com dificuldades. Além disso ela explica algumas diferenças entre os estratos sociais. “As pessoas com renda mais elevada, de fato, apresentam um nível médio de bem-estar financeiro maior do que as pessoas com menos renda. Isso ocorre porque à medida que se avança nas faixas de renda, os gastos essenciais diminuem como proporção dos ganhos, permitindo um melhor proveito do presente e até um preparo mais adequado para o futuro. Mas isso não significa que a renda, por si só, garante um nível de bem-estar maior. Há aspectos comportamentais que também fazem diferença”, afirma a economista.

Apenas 12% dos brasileiros estão preparados para lidar com gastos imprevistos

De acordo com o levantamento, o que mais compromete o bem-estar dos brasileiros é a falta de preparo para lidar com gastos imprevistos. Apenas 12% dos consumidores teriam condições de cobrir uma despesa inesperada de valor expressivo, seja se utilizando recursos da própria renda ou de uma reserva financeira. A maioria (65%) não teria saídas práticas para enfrentar essa situação, segundo apurou o indicador.

Para alguns consumidores, a situação de aperto é tão evidente que em cada dez entrevistados, três (28%) reconhecem que apenas ‘sobrevivem’ com o dinheiro que ganham mensalmente, ao passo que 38% conseguem desfrutar de forma satisfatória da renda que possuem. Exemplo do baixo nível de preparo dos consumidores para manobrar o orçamento, é que 23% dos entrevistados admitiram que, dar um presente de casamento ou de aniversário a alguém, seria o suficiente para prejudicar as próprias finanças.

Esse comportamento acontece porque em boa parte das vezes ter dinheiro sobrando fim do mês é uma das tarefas mais difíceis de serem cumpridas pelo brasileiro. Em cada dez entrevistados, seis (62%) disseram que nunca ou raramente veem o dinheiro sobrar no encerramento do mês. Os que sempre conseguem ter sobras formam 9% da amostra, ao passo que 28% somente as vezes conseguem ter dinheiro sobrando.

“Pagar as contas e ainda ter um dinheiro para outras finalidades é uma forma de garantia contra imprevistos e viver sem grandes sustos, além de servir de meio para a realização de planos de consumo, que são naturais das pessoas, independentemente da sua renda. Para ver o salário sobrar no fim do mês, antes de tudo é preciso controlar os gastos e cortar despesas desnecessárias”, afirma o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

11% da população jovem se prepara para futuro

Um sentimento compartilhado entre muitos consumidores é o de impotência diante das finanças. Mais de um terço (34%) dos entrevistados relataram a sensação de que suas vidas são controladas pela sua situação financeira e não o contrário. Outros 38% admitiram que as vezes se enquadram nessa situação, ao passo que 29% não se veem dessa forma. “Um dos grandes desafios da educação financeira é fazer as pessoas usarem o dinheiro como um aliado na conquista de sonhos e realizações pessoais e não como fonte de preocupação e dor de cabeça. Mas para isso, é preciso planejamento, metas traçadas e muita disciplina, garante a economista Marcela Kawauti.

Outra constatação do levantamento é que quando o assunto é futuro, também há muito o que melhorar na vida dos brasileiros. Apenas 16% afirmam estar comprometidos em assegurar um futuro financeiro garantido para si, percentual que cai para 11% entre os mais jovens. O percentual dos brasileiros que não estão assegurando o seu futuro foi de 56%. “Esse é um assunto que, com as discussões sobe a reforma previdenciária, ganha ainda mais importância e deveria chamar a atenção, inclusive, dos mais jovens, pois quanto mais cedo começa o preparo para o futuro, mais se consegue diluir o esforço mensal de recursos a serem guardados”, orienta Vignoli.

Aplicativo SPC Consumidor calcula bem-estar da população

Para ajudar os consumidores a melhorarem hábitos financeiros, o SPC Brasil lançou o aplicativo SPC Consumidor, plataforma gratuita em que os consumidores podem fazer um teste para calcular o seu próprio bem-estar financeiro e comparar com a média nacional. Também é possível receber dicas de acordo com o seu perfil identificado. O app está disponível para usuários Android e IOS.

 

 

Fonte: CNDL ||

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