70 anos de Elis

Mesmo após a sua morte, a artista continuou a fazer sucesso e a emocionar ouvintes.

COMPARTILHAR:

Mesmo após a sua morte, a artista continuou a fazer sucesso e a emocionar ouvintes.

Se estivesse viva, Elis Regina teria completado na terça-feira (17), 70 anos de idade. É difícil falar de morte quando o assunto é Elis. Como poucos artistas brasileiros, ela continuou a fazer sucesso e a emocionar ouvintes da mesma maneira, ou até com mais intensidade, do que na época em que se vertia em lágrimas ao defender uma canção.
Para muito além do simples exercício de cantar, a gaúcha baixinha na altura e gigante na atitude, deu uma visão diferente para a presença da mulher no meio musical, na política e na sociedade.
Filha de Romeu Costa e Ercy Carvalho, desde pequena se caracterizou como uma cantora do rádio. No começo – o que durou até os primeiros anos de sucesso -, foi sempre bastante conservadora e nacionalista quando se tratava de música. Nada além de bossa nova passaria.
No entanto, quanto mais Elis conhecia seu meio e mais se irritava com o avanço da ditadura, menos conservadora ficava. Ao longo da carreira, gravou como Falso Brilhante (1976) e Transversal do Tempo (1978), abusando das influências jazzísticas que sempre lhe pareceram naturais, além do dueto inesquecível com Tim Maia em These Are The Songs, bem antes, em 1969, o primeiro grande número do rei do soul. Teve samba também, e dos bem tradicionais. Tiro ao Álvaro, dueto com Adoniran Barbosa, é o mais famoso.

Mas e hoje, como seria Elis?
Apelidada ?carinhosamente? como Pimentinha por Vinicius de Moraes, Elis não digeria com facilidades o surgimento do novo. ?Esse tal de iê-iê-iê é uma droga: deforma a mente da juventude?, chegou a dizer ela sobre a jovem guarda, Beatles e aquela mania toda.
Nos dias de hoje, é comum termos parcerias entre vozes experientes, como Baby do Brasil e Caetano Veloso, com novos nomes, como Tulipa Ruiz, Criolo e Marcia Castro. Gal Costa, por exemplo, lançou Recanto em 2013, disco totalmente eletrônico e influenciado por estilos modernos. Não parece a cara de Elis.
Ainda assim, a Pimentinha não era tão impossível. Além de gravar com Tim Maia quando este ainda estava longe de ser o que é hoje, Elis ficou marcada pela parceria com Jair Rodrigues no Fino da Bossa, extinto programa de TV. Jair era o oposto da cantora, em todos os sentidos, do gênero musical ao perfil como pessoal.
Independente de qualquer coisa, desde o dia de sua morte, em 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, Elis segue viva e plena na memória, coração e rádio de todos os brasileiros. Representando com intensidade os principais sentimentos de seu povo, a cantora pode não ser um doce de pessoa, e talvez seja exatamente isso que a faça ser ainda mais fascinante.
Com agências e portais

COMPARTILHAR:

Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

70 anos de Elis

Mesmo após a sua morte, a artista continuou a fazer sucesso e a emocionar ouvintes.

COMPARTILHAR:

Mesmo após a sua morte, a artista continuou a fazer sucesso e a emocionar ouvintes.

Se estivesse viva, Elis Regina teria completado na terça-feira (17), 70 anos de idade. É difícil falar de morte quando o assunto é Elis. Como poucos artistas brasileiros, ela continuou a fazer sucesso e a emocionar ouvintes da mesma maneira, ou até com mais intensidade, do que na época em que se vertia em lágrimas ao defender uma canção.

Para muito além do simples exercício de cantar, a gaúcha baixinha na altura e gigante na atitude, deu uma visão diferente para a presença da mulher no meio musical, na política e na sociedade.

Filha de Romeu Costa e Ercy Carvalho, desde pequena se caracterizou como uma cantora do rádio. No começo – o que durou até os primeiros anos de sucesso -, foi sempre bastante conservadora e nacionalista quando se tratava de música. Nada além de bossa nova passaria.

No entanto, quanto mais Elis conhecia seu meio e mais se irritava com o avanço da ditadura, menos conservadora ficava. Ao longo da carreira, gravou como Falso Brilhante (1976) e Transversal do Tempo (1978), abusando das influências jazzísticas que sempre lhe pareceram naturais, além do dueto inesquecível com Tim Maia em These Are The Songs, bem antes, em 1969, o primeiro grande número do rei do soul. Teve samba também, e dos bem tradicionais. Tiro ao Álvaro, dueto com Adoniran Barbosa, é o mais famoso.

 

Mas e hoje, como seria Elis?

Apelidada “carinhosamente” como Pimentinha por Vinicius de Moraes, Elis não digeria com facilidades o surgimento do novo. “Esse tal de iê-iê-iê é uma droga: deforma a mente da juventude”, chegou a dizer ela sobre a jovem guarda, Beatles e aquela mania toda.

Nos dias de hoje, é comum termos parcerias entre vozes experientes, como Baby do Brasil e Caetano Veloso, com novos nomes, como Tulipa Ruiz, Criolo e Marcia Castro. Gal Costa, por exemplo, lançou Recanto em 2013, disco totalmente eletrônico e influenciado por estilos modernos. Não parece a cara de Elis.

Ainda assim, a Pimentinha não era tão impossível. Além de gravar com Tim Maia quando este ainda estava longe de ser o que é hoje, Elis ficou marcada pela parceria com Jair Rodrigues no Fino da Bossa, extinto programa de TV. Jair era o oposto da cantora, em todos os sentidos, do gênero musical ao perfil como pessoal.

Independente de qualquer coisa, desde o dia de sua morte, em 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, Elis segue viva e plena na memória, coração e rádio de todos os brasileiros. Representando com intensidade os principais sentimentos de seu povo, a cantora pode não ser um doce de pessoa, e talvez seja exatamente isso que a faça ser ainda mais fascinante.

Redação do Jornal Nova Imprensa O Tempo Online

COMPARTILHAR:

Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.