Para nós outros que chegamos a este mundo por volta dos anos 40, 50, 60 ou 70, portanto, já tendo participado ou, no mínimo, presenciado alguns pleitos eleitorais neste país, ao observarmos hoje, o que ocorre em relação à atual disputa presidencial, pululam em nossas mentes algumas perguntas que em sã consciência, nenhum de nós consegue responder.

Uma delas diz respeito aos crimes eleitorais que, salvo engano, nos acompanham a algumas décadas e desde as priscas eras do voto de papel, ocorriam debaixo do olhar atento dos órgãos oficiais que regulamentavam e tinham como foco principal fazer das eleições algo sério que ao final, representasse sim, a vontade popular. Mas…

A penas a título de sugestão, lembramos que é óbvio que a história do par de botinas foi sim e por muito tempo, a grande responsável pelo direcionamento de votos, em especial no interior do país. Nas capitais ou cidades mais evoluídas, a gente sabe, a moeda era outra! Aqui mesmo, não faz muito tempo, se não estamos enganados, um candidato local, andou apertado por causa de um jogo de camisas entregue a uma agremiação de futebol. Mas, como tudo evoluiu, também por aqui, há que se imaginar que os tais mimos agora, chegam a seus destinos, quem sabe, através do tal PIX, via tanques de combustível de veículos, todos sedentos em razão dos atuais preços, ou, por transferências de recursos realizadas eletronicamente para milhões de votantes portadores do tal cartãozinho eletrônico distribuído por instituições financeiras oficiais. Muda o prêmio mas, o objetivo a ser alcançado é o mesmo de então: o votinho do sortudo beneficiado.

Outra coisa que nos deixa pensativos: não faz muito tempo, talvez a menos de cinco anos, presenciamos gente de boa índole sendo molestada por haver dado carona da roça para a cidade para uma meia dúzia de vizinhos, todos é claro, eleitores.  O crime, segundo a lei eleitoral de então, achamos que ainda é a mesma de hoje, era tão grave quanto a prática da tal boca de urna. Ah esta fazia com que o ginásio da “Praça de Esportes” abrigasse por horas, em dias de eleições, um montão de infratores. Só que agora, aquele mesmo poder que fazia que juízes eleitorais e outras autoridades zelassem pelo cumprimento de tal regra, ninguém sabe por qual razão, hoje libera prefeitos para utilizarem até os tais ônibus escolares e outros veículos com destinação de uso específico, para arrebanharem a turma e trazê-las até a “sagrada urna”, onde sufragarão o nome do candidato escolhido. Por quem? Esta é a pergunta que se faz. E este transporte gratuito é mesmo diferente da carona de antigamente?

E o que dizer das últimas proibições que inibem a imprensa de refrescar a memória do eleitorado, em especial daqueles que por outras razões se mostram, digamos, meio desmemoriados. Esta não pode mais publicar o que julga de bom alvitre, em razão de uma canetada do presidente do TSE. A partir dela todos os eleitores ficarão impossibilitados de reverem as falas de candidatos que, sinceramente, se reavivadas na memória, obviamente fariam com que muita gente convicta mudasse de opinião.

E para isto não ocorrer agora, censura-se até a imprensa que, estranhamente, se vê na condição de descreditar dela própria, já que as matérias publicadas no passado recente ou não, ainda que não tenham sido refutadas ou desmentidas à época de sua publicação, sejam agora postas em dúvida pelo Judiciário, já que é mais que sabido que a verdade publicada e comprovada com vídeos, fotos, falas, entrevistas ou documentos oficiais, dificilmente por eles (candidatos) seriam desmentidas.

A Constituição está a nosso ver, sendo desrespeitada, exatamente por quem jurou defendê-la e para isto é pago por nós todos.

Mas isto não é nada quando a gente lembra que alguém que passou pelo crivo do Judiciário nas três instâncias e foi condenado, acabou preso e agora, uma vez descondenado pelos mesmos que em julgamentos solenes e demorados o fizeram sair da condição de preso para adquirir o status de apto a se candidatar, não sabemos se, como “inocente” útil ou inútil, e para servir a quem ou a quens, está aí, segundo palavras de seu próprio vice, querendo voltar à cena do crime. (Quem diz isto é ele, Alckimin, não este jornal).

Gente, a gente chega a pensar que o voto não deveria mesmo ser obrigatório. E tem mais, que as campanhas teriam sim, que ser financiadas de forma oficial, mas, os candidatos, para terem direito ao uso gratuito de rádio e TV, teriam que centrar suas falas apenas e somente na divulgação dos planos de governo, se é que os tenham e ainda que saibamos que prometer é fácil e cumprir é muito difícil, especialmente neste disputado e rendoso “ramo de negócios”.

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