O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se filiou ao PSB em um ato recheado de discursos que reforçaram a presença dele na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República nas eleições de outubro. O evento aconteceu em Brasília (DF), nesta quarta-feira (23).

A união entre os dois para que Alckmin concorra ao cargo de vice-presidente ainda não foi oficializada, mas há a expectativa de que seja confirmada no mês de abril.

Segundo Alckmin, essa união será uma decisão partidária e depende de conversas que ainda não foram esgotadas. Com postura cautelosa, ele afirmou que este não é o momento de fazer campanha, apesar de já admitir planos de viajar o país pelo projeto político. “Eu entro no PSB para somar com o PSB. Chapa é para frente”, frisou.

“Hoje nós demos um passo importante com a filiação, encerramos uma etapa. Agora, se discute chapa, entendimento político e conversas que devem ser conduzidas pelos partidos. Eu converso com o presidente Lula, não tem nenhuma data definida, também vejo que não tem pressa para isso, o importante foi a definição pelo PSB de apoio ao ex-presidente Lula”, completou.

No discurso, ele destacou problemas econômicos e sociais do Brasil e declarou estar unido em uma “grande causa” pelo “momento excepcional” que o país passa.

Sem explicitar sua participação na chapa, ele parabenizou o PSB pela decisão de apoiar Lula nas urnas e afirmou que o petista é o candidato capaz de “reinserir o Brasil no cenário mundial, alargar o horizonte do desenvolvimento da economia e diminuir essa triste diferença social que nós temos”.

“Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar e a humildade para entender que ele é hoje aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia, porque ele é fruto da democracia, não chegaria lá, do berço humilde que sempre foi, se não fosse o processo democrático. E por ter conhecido as vicissitudes, é que na realidade interpreta esse sentimento da alma nacional”, continuou os elogios a Lula.

O paulista deixou o PSDB em dezembro de 2021 após 33 anos no partido em meio ao início das negociações com o PT. Em 2006, ainda filiado à legenda tucana, Alckmin e Lula se enfrentaram nas urnas. O momento foi lembrado pelo ex-governador, que partiu em defesa da democracia.

“Alguns podem estranhar, eu disputei a eleição com o ex-presidente Lula em 2006, fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. O debate era de outro nível, nunca se questionou a democracia”, salientou.

Sem citar nomes, Alckmin também usou o discurso para fazer uma crítica direcionada ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que polariza as intenções de voto junto a Lula.

“Aqueles que agem de maneira displicente em relação ao resultado das eleições, estão na realidade ofendendo a democracia. Aqueles que ameaçam o Parlamento, estão ameaçando a democracia. Os que agridem o Supremo Tribunal Federal, estão agredindo a democracia,” disparou.

Discursos reforçaram formação de chapa entre Alckmin e Lula

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), indicou a possível confirmação da chapa de Lula e Alckmin ao afirmar que a experiência do paulista será fundamental para a vitória nas eleições.

“O partido está unido em torno da candidatura do ex-presidente Lula e o partido está unido em torno de pessoas, desde os mais humildes até todos os nossos governadores, os nossos próximos governadores, estamos unidos em reconstruir o Brasil”, disse.

“Eu não tenho dúvida que sua experiência vai nos ajudar muito a conseguir fazer o que precisa ser feito de imediato, que é vencer essas eleições e a reconstruir esse Brasil”, acrescentou Câmara, em discurso voltado a Alckmin.

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, destacou a necessidade de união de partidos para avançar no projeto presidencial. Ele citou especificamente o PT e o PCdoB, que têm relação com o PSB, e também o PDT, que já lançou a pré-candidatura do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, à Presidência da República. Caso seja mantido na disputa, Ciro será adversário de Lula no primeiro turno.

“As forças progressistas, o PT, PSB, PCdoB, PDT, todas as forças progressistas terão e estão tendo a largueza, a compressão, começando pelo nosso partido, de estar à altura que o momento político exige. Estar à altura significa dizer e reconhecer que nós não somos forças suficientes para ganhar a eleição presidencial. Que nós precisamos alargar os horizontes, alargar o espectro político, que nós precisamos agregar força”, declarou.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também esteve presente junto com integrantes do partido no Congresso Nacional. Gleisi também destacou a união com o PSB em uma possível chapa de Lula.

“O PT e PSB têm uma trajetória comum na luta pela democracia e na construção de um país melhor e mais justo para a imensa maioria do povo brasileiro. Nós estivemos juntos no governo, na oposição, na defesa da democracia, na defesa dos trabalhadores e da soberania nacional. Juntos, fizemos história nesse país, e juntos vamos fazer história novamente em torno da candidatura do presidente Lula”, disse Gleisi.

PSB filia nomes para eleições no Maranhão e Santa Catarina

Além de Alckmin, o PSB filiou mais 15 pessoas, sendo dois nomes que devem entrar em disputas estaduais. São eles o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, que saiu do PSDB, e o senador Dario Berger, de Santa Catarina, que deixou o MDB.

Brandão foi confirmado como pré-candidato ao governo do Maranhão com o apoio do atual governador Flávio Dino, também do PSB. Dino está no final do segundo mandato e, pela regra eleitoral, não pode disputar uma nova reeleição. Ele deve concorrer ao Senado.

Berger está no último ano de mandato como senador e entra no PSB para concorrer ao governo de Santa Catarina com apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Antes do MDB, ele foi filiado ao PSDB entre 2003 e 2007, o que o faz seguir caminho partidário semelhante a Alckmin.

A ex-BBB e influenciadora digital Ariadna Arantes também se filiou para concorrer a deputada federal por São Paulo.

Fonte: O Tempo

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