A Antártida é considerada o continente mais frio e isolado do planeta, mas também um dos mais importantes para o equilíbrio ambiental global. Sob camadas de gelo que chegam a até 4 quilômetros de espessura, escondem-se montanhas, vales e vulcões adormecidos.

Nos últimos anos, o aumento das temperaturas globais tem acelerado o derretimento de parte dessas geleiras, sobretudo na Península Antártica. Embora o desaparecimento total do gelo não esteja próximo, cientistas trabalham com projeções para avaliar os impactos caso isso ocorra.

Como seria a Antártida sem gelo

Sem a cobertura gelada, o continente revelaria um terreno irregular, formado por rochas, montanhas e vales. A paisagem seria árida, semelhante a um deserto frio. Para que pudesse abrigar algum tipo de vegetação, seriam necessárias condições muito diferentes das atuais, como temperaturas mais altas e maior umidade.

A importância do gelo antártico

De acordo com a oceanógrafa Raquel Avelina, pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o gelo da Antártida funciona como um arquivo natural, formado ao longo de diversas eras geológicas. “O gelo da Antártida guarda informações valiosas sobre o clima do planeta. Ao analisar as camadas congeladas, é possível identificar variações de temperatura e composição atmosférica que ajudam a compreender o passado e prever o futuro climático da Terra”, explica.

Além disso, a presença das geleiras influencia diretamente a dinâmica dos oceanos e contribui para manter o equilíbrio climático global. Mesmo distante, o continente exerce papel fundamental nas condições de vida em outras regiões da Terra.

Consequências do derretimento

O degelo antártico provoca efeitos que atingem não apenas o continente, mas todo o planeta. Especialistas apontam três principais consequências:

  • Elevação do nível do mar
  • Alterações na salinidade e nas correntes oceânicas
  • Acidificação dos oceanos e desequilíbrio químico

O primeiro impacto é a elevação do nível do mar. À medida que grandes volumes de gelo derretem, a água doce aumenta o volume dos oceanos e faz o nível global subir gradualmente. Atualmente, estima-se que a Antártida seja responsável por quase metade da elevação anual registrada. Caso o processo continue no mesmo ritmo, o mar pode subir até 70 centímetros até o fim do século, ameaçando cidades costeiras e comunidades inteiras.

Outro efeito está relacionado às mudanças na salinidade e nas correntes oceânicas. O excesso de água doce altera a densidade das águas e interfere nas correntes termohalinas, responsáveis por distribuir calor e nutrientes pelo planeta. Esse desequilíbrio pode provocar mudanças mais intensas de temperatura e alterações nos padrões climáticos em regiões tropicais e polares.

O glaciologista Jefferson Simões, membro da Academia Brasileira de Ciências, destaca que o degelo modifica também a composição química dos oceanos. “O gelo antártico tem influência direta sobre os oceanos do planeta. Quando ele derrete, não é apenas o nível do mar que muda. A química da água também se transforma, alterando o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e a capacidade do oceano de absorver CO₂”, afirma.

Além disso, o processo contribui para a acidificação das águas, especialmente nas regiões frias que cercam a Antártida. O aumento da absorção de dióxido de carbono torna o ambiente mais ácido e ameaça organismos como o fitoplâncton, essencial para a captura de carbono e para a base da cadeia alimentar marinha.

Com informações do Metrópoles

 

 

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