Nessa segunda-feira (1º), Nova Déli, na Índia, foi palco do terceiro encontro regional do Balanço Ético Global (BEG), iniciativa que integra os preparativos para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O diálogo asiático reuniu 22 lideranças de diferentes setores e contextos, com condução do ativista indiano e Prêmio Nobel da Paz, Kailash Satyarthi.
O objetivo do BEG é promover reflexões éticas sobre as ações climáticas, ouvindo diretamente pessoas, empresas e governos. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o momento exige compromisso com a implementação dos acordos já firmados. “Ouvimos pessoas dos diferentes países da região, com recortes que têm cientistas, mulheres, juventudes, pessoas com experiências locais e o que todos têm colocado é que esse é o momento de a gente olhar para a emergência climática com o compromisso de implementar os acordos que já fizemos”, afirmou.
Entre os temas debatidos estão metas como triplicar o uso de energia renovável, duplicar a eficiência energética, eliminar o desmatamento e reduzir o uso de combustíveis fósseis. Também foi discutido o enfrentamento das perdas e danos sofridos por populações locais. “Nosso planeta está em chamas, e o tempo do ‘mais do mesmo’ acabou. Precisamos agir agora – mudando fundamentalmente nosso modo de vida, redefinindo o crescimento, interrompendo a injustiça climática e nos unindo em uma nova era de cooperação global”, declarou Satyarthi.
Marina Silva destacou que os encontros do BEG são pautados pela abertura, democracia e transparência, buscando soluções concretas para apoiar países vulneráveis à crise climática. “O que nós esperamos com o balanço ético é que no lugar da realidade reportada pelos relatórios e gráficos que são importantes, a gente possa trazer a realidade real da vivência de que está no território e está sofrendo, descobrindo e realizando”, disse.
O diálogo da Ásia é o terceiro de seis encontros regionais. Os anteriores ocorreram em Londres, com liderança da ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, e em Bogotá, coliderado pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet. Os próximos serão realizados na África, sob liderança da ativista queniana Wanjira Mathai, e na América do Norte, com Karenna Gore, fundadora do Center for Earth Ethics.
Além dos encontros regionais, organizações da sociedade civil e governos podem promover diálogos autogestionados, seguindo a mesma metodologia. “Nas negociações internacionais, só os países falam. Mas, no fim das contas, o que importa são as pessoas”, afirmou o presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
Cada diálogo resultará em um relatório regional, que será consolidado em um documento final com contribuições externas às negociações climáticas da COP30, marcada para ocorrer em Belém. “Temos recebido muitas, excelentes e potentes contribuições que estão sendo dadas pelo Balanço Ético Global, ouvindo as diferentes regiões”, concluiu Marina Silva.
Com informações da Agência Brasil