É provável que quase cinco vezes mais pessoas morram de calor extremo na Terra nas próximas décadas, advertem especialistas internacionais em um relatório publicado na quarta-feira (15), alertando que “a saúde da humanidade está em grave perigo” se nada for feito em relação à mudança climática.
No cenário previsto de aumento de temperatura global de 2°C até o final do século (segundo especialistas, atualmente, está em curso para atingir 2,7°C até 2100), espera-se que as mortes anuais relacionadas ao calor aumentem em 370% até 2050, ou seja, um aumento de 4,7 vezes, de acordo com a edição de 2023 de um documento de referência publicado anualmente pela revista médica The Lancet.
E o calor residual é apenas uma das ameaças à saúde humana decorrentes do uso crescente de combustíveis fósseis, confirma essa “contagem regressiva sobre saúde e mudança climática” apenas algumas semanas antes da conferência internacional sobre o clima (COP28) em Dubai, onde, pela primeira vez, um dos dias será dedicado à saúde, em 3 de dezembro.
Secas mais frequentes que colocam milhões de pessoas em risco de fome, mosquitos que viajam mais longe e transmitem doenças infecciosas e sistemas de saúde que lutam para lidar com o ônus estão entre os outros perigos destacados no relatório, que apresenta 47 indicadores.
Apesar dos apelos cada vez mais urgentes para uma ação global, as emissões de carbono relacionadas à energia atingiram novos patamares no ano passado, lamentam os autores do relatório, que critica os governos, as empresas e os bancos que ainda subsidiam e investem maciçamente nos combustíveis fósseis que estão alimentando o aquecimento global.
Alerta precoce
Em 2022, as pessoas em todo o mundo foram expostas, em média, a 86 dias de temperaturas potencialmente letais, de acordo com a “contagem regressiva” da Lancet. E o número de pessoas com mais de 65 anos que morrem por causas relacionadas ao calor aumentou 85% entre 1991-2000 e 2013-2022, segundo o relatório.
Essas estimativas surgem no momento em que 2023 parece destinado a ser o ano mais quente da história da humanidade: o Observatório Europeu do Clima disse que o mês passado foi o outubro mais quente já registrado. “Os efeitos que estão sendo observados atualmente podem ser apenas um sintoma inicial de um futuro muito perigoso”, disse Marina Romanello, diretora executiva do relatório.
No cenário de aquecimento de 2°C até 2100, o impacto sobre a saúde humana excederia o excesso de mortalidade. Cerca de 520 milhões de pessoas a mais se encontrariam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave até a metade do século, de acordo com projeções publicadas pela revista.
E as doenças infecciosas transmitidas por mosquitos continuariam a se espalhar para novas áreas. A transmissão da dengue poderia aumentar em 36%.
Diante desses múltiplos impactos da mudança climática, mais de um quarto das cidades estudadas pelos pesquisadores expressou o temor de que seus sistemas de saúde ficassem sobrecarregados.
Fonte: UOL
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