Após cinco anos, o Mineirão voltará a abrigar um evento clássico – literalmente – em sua história: um Atlético x Cruzeiro com torcida “meio a meio” em suas arquibancadas. Cada vez mais raro após a reforma do estádio, em 2013, por questões de segurança, o espetáculo é aguardado por atleticanos e cruzeirenses e, para especialistas, tem tudo para dar certo se houver planejamento.

“Eu acho que, apesar da situação ser tensa, com a rivalidade entre as torcidas estar acentuada, é possível ter um evento tranquilo com um bom planejamento operacional das polícias, Guarda Municipal e BHTrans”, disse o sociólogo Luís Flávio Sapori, especialista em segurança pública.

Entretanto, ele alerta que a atenção precisa ser voltada para fora do estádio. “O maior problema não é no Mineirão, onde os índices de violência são baixos. O problema é fora, nos arredores e nos bairros. No Mineirão se justifica, é possível, já que temos todas as condições de ter um clássico com paz e sem violência”, completa o professor, que já foi secretário adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais.

Torcedores x bandidos
Coronel da Polícia Militar, Gedir Rocha também acha que não há problemas em se realizar um clássico dessa forma. “Um momento ia ter que voltar. Estamos numa fase que os dois times desenvolvem um bom trabalho, sendo o Cruzeiro tendo uma estrutura melhor e o Atlético conquistando campeonatos, além do envolvimento entre os jogadores e dirigentes, que têm uma melhor postura de relacionamento e mostram que o show deve acontecer. Além do próprio movimento de diversos órgãos, como Polícia Militar, Polícia Civil, Justiça, Ministério Público e prefeitura. Tem tudo pra dar certo”, explicou.

Para o professor e consultor no ramo, a sociedade não pode ficar refém de bandidos que atrapalham a vida de torcedores e o esporte em si. “Há torcedores e bandidos. Quem sai na rua para brigar e matar é bandido. Outra coisa é o torcedor que sai de casa com sua família e seus amigos para torcerem. São coisas distintas”, afirmou.

De acordo com Rocha, o trabalho no estádio e nos arredores precisa ser um, e nos bairros de Belo Horizonte e outras cidades, outro, já que são pessoas diferentes. “Cabe aos serviços de inteligência acompanharem e haver reforço do policiamento nesses locais. Isso tem que ser uma atuação completamente diferente do que é o jogo”, concluiu.

O jogo
Atlético e Cruzeiro se enfrentam no próximo sábado (2), às 16h30, no Gigante da Pampulha, em partida válida pela final do Campeonato Mineiro. Pela primeira vez, título será decidido em jogo único.

Nesta quarta-feira (30), haverá uma reunião entre os órgãos competentes para definir a operação. A última vez que aconteceu um clássico com torcida 50% para cada time foi em fevereiro de 2017, pela extinta Primeira Liga, quando a Raposa venceu por 1 a 0, com gol de Arrascaeta.

Fonte: O Tempo

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