A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, iniciou nesta segunda-feira (17) sua semana decisiva. Ministros de diversos países passaram a atuar diretamente nas negociações para tentar fechar, por consenso, os acordos que irão orientar as ações climáticas nos próximos anos.
Na noite de domingo (16), a presidência da COP divulgou um resumo das consultas sobre quatro pontos da agenda. Entre eles estão a ampliação das metas climáticas — as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — e o financiamento público de países desenvolvidos para nações em desenvolvimento. Esses itens ainda não obtiveram consenso para integrar a agenda de ação.
Outro tema central, a Meta Global de Adaptação (GGA), também segue sem acordo. O resultado é considerado um dos mais esperados da conferência, mas permanece indefinido.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que o documento reflete o cenário técnico das negociações. O texto destaca a importância do multilateralismo, faz referência ao Acordo de Paris e aponta a necessidade de avançar da fase de transição para a implementação.
Liuca Yonaha, vice-presidente do Instituto Talanoa, observa que o documento apresenta opções de encaminhamento dentro do chamado “mutirão decision”, fruto do trabalho coletivo. Já Fernanda Bortolotto, da The Nature Conservancy Brasil, alerta para a ausência de propostas concretas sobre o fim do desmatamento e a transição energética. Segundo ela, apesar do apoio de mais de 60 países, o tema ainda não aparece nos textos oficiais da negociação.
A expectativa é que o segmento político de alto nível, iniciado nesta segunda, dê impulso às tratativas. Tradicionalmente, a primeira semana da COP é dedicada à elaboração de rascunhos técnicos, enquanto a segunda concentra a participação de ministros e chefes de delegações, com maior margem de negociação.
Anna Cárcamo, do Greenpeace Brasil, defende mais pressão para que sejam acordados encaminhamentos claros sobre os “mapas do caminho” para o fim do desmatamento e dos combustíveis fósseis.
Na plenária de alto nível, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reforçou que o Brasil busca implementar planos de ação voltados à transição energética e à erradicação do desmatamento ilegal, considerados pelo governo como legados centrais da COP30.
Adaptação climática em debate
O tema da adaptação climática também permanece em aberto. Técnicos concluíram na semana passada um rascunho com 100 indicadores, mas o Grupo Africano, apoiado por países árabes, defende estender o trabalho por mais dois anos e adiar a decisão final para 2027.
“Com muito custo, conseguiu-se finalizar um rascunho que vai ser discutido em nível ministerial esta semana para ver se conseguimos ter até o fim da COP os indicadores do GGA adotados”, explica Fernanda Bortolotto.
As discussões incluem ainda os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e o Fundo de Adaptação (AF), ambos com textos preliminares prontos para análise. Já sobre a transição justa, que prevê a criação de um programa de trabalho específico no âmbito da COP, o rascunho segue em debate e ainda não há consenso.
Com informações da Agência Brasil










