Um crânio humano de aproximadamente 146 mil anos encontrado na China está no centro de um debate científico. Conhecido como “Homem-Dragão”, o fóssil foi inicialmente classificado em 2021 como uma nova espécie humana, chamada Homo longi. Dois estudos recentes, no entanto, apontam que ele pode, na verdade, ser o primeiro crânio completo já identificado de um denisovano, grupo extinto de parentes próximos dos neandertais.

O crânio foi descoberto na década de 1930 durante a construção de uma ponte sobre o rio Songhua, na cidade de Harbin, no nordeste da China. Na época, a região estava sob ocupação japonesa. O trabalhador que encontrou o fóssil escondeu o objeto em um poço, e só em 2018 ele foi entregue à Universidade GEO de Hebei.

Quem eram os denisovanos?

Os denisovanos são conhecidos desde 2012, quando fragmentos de DNA foram extraídos de um pedaço de dedo encontrado em uma caverna na Sibéria. Desde então, poucos fósseis atribuídos ao grupo foram descobertos, todos incompletos. O novo estudo liderado pela paleontóloga Qiaomei Fu, da Academia Chinesa de Ciências, sugere que o “Homem-Dragão” pertence a essa linhagem humana.

A equipe chegou à conclusão após conseguir extrair proteínas e DNA mitocondrial do crânio, especialmente de uma camada de tártaro preservada nos dentes. As análises indicaram fortes semelhanças com outros fósseis já reconhecidos como denisovanos.

No estudo, os pesquisadores identificaram variantes proteicas que só foram observadas nesse grupo extinto, além de sequências genéticas que se alinham com os denisovanos encontrados na Caverna Denisova, no sul da Sibéria.

A descoberta é vista como um avanço porque, até então, os denisovanos eram conhecidos apenas por fragmentos como mandíbulas, dentes e pedaços de costela. Se confirmada, a análise do crânio permitirá entender melhor a aparência e as características físicas do grupo que viveu entre o Pleistoceno Médio e Superior.

A nova classificação, porém, não é consenso entre os especialistas. Alguns pesquisadores argumentam que as amostras podem ter sido contaminadas, já que o fóssil foi manuseado diversas vezes ao longo das décadas. Outros apontam que a base de dados de proteínas ainda é limitada para definir com precisão a identidade evolutiva do “Homem-Dragão”.

 

Fonte: R7

 

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