O dólar oscila entre altas e baixas nesta quinta-feira (12). Às 11h33, a moeda americana caía 0,03%, cotada a R$ 5,5367. O Ibovespa operava em alta de 0,23% no mesmo horário, aos 137.445 pontos.
Hoje, as atenções do mercado brasileiro estão voltadas para a medida provisória publicada pelo governo na noite de quarta, que visa substituir o aumento do IOF. O novo pacote traz redução de impostos para empresas e seguros VGBL, mas eleva a tributação sobre apostas esportivas, criptoativos e investimentos isentos, como LCI e LCA.
A medida gerou resistência no Congresso, especialmente entre líderes do Centrão, que prometem barrar a proposta. Diante do impasse político e das dúvidas sobre a compensação fiscal, o mercado reduziu as apostas na manutenção da Selic e passou a ver mais chance de alta na próxima reunião do Copom.
Os investidores também repercutem o novo acordo Estados Unidos e China, anunciado na quarta-feira (11). Segundo o presidente norte-americano, Donald Trump, o país asiático terá uma alíquota de 55%, enquanto os EUA pagarão 10%. O acordo ainda precisa ser aprovado por Trump e pelo presidente chinês, Xi Jinping.
Trump sinalizou ainda que pode adiar o prazo de 8 de julho para concluir negociações com outros países e que os EUA devem enviar cartas nas próximas semanas detalhando os termos de novos acordos a dezenas de nações — que poderão aceitar ou rejeitar as condições.
Além disso, o dólar hoje reflete a cautela dos mercados com o aumento das tensões no Oriente Médio. O governo dos EUA anunciou a retirada de pessoal da região por risco de segurança. Segundo uma autoridade iraniana, um país aliado alertou Teerã sobre a possibilidade de um ataque militar de Israel.
- Acumulado da semana: -0,57%;
- Acumulado do mês: -3,15%;
- Acumulado do ano: -10,38%.
- Acumulado da semana: +0,75%
- Acumulado do mês: +0,07%;
- Acumulado do ano: +14%.
EUA x China
Representantes dos Estados Unidos e da China chegaram a um consenso na noite de terça-feira (10) para restaurar a trégua na guerra comercial entre os países, após dois dias de negociações em Londres, na Inglaterra.
Os termos do acordo, no entanto, ainda precisam ser aprovados pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Na quarta (11), Trump divulgou alguns pontos do que ficou decidido: “A China fornecerá, antecipadamente, todos os ímãs e quaisquer terras raras necessárias. Da mesma forma, forneceremos à China o que foi acordado, incluindo estudantes chineses utilizando nossas faculdades e universidades (o que sempre foi algo positivo para mim!).”
“Teremos um total de 55% de tarifas, e a China, 10%”, disse o republicano. Caso confirmado, esse percentual seria maior do que o acordado na trégua em Genebra, no mês passado. À época, as tarifas haviam sido reduzidas para 30%.
Além do acordo com a China, os investidores monitoram a possibilidade de um avanço nas negociações dos EUA com outros países atingidos pelas tarifas.
Trump afirmou nesta quarta que vai enviar cartas nas próximas semanas detalhando os termos de novos acordos a dezenas de nações — que poderão aceitar ou rejeitar as condições.
A situação é acompanhada de perto por investidores preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos e interromper as cadeias de suprimentos nos meses cruciais que antecedem a temporada de compras de fim de ano.
O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Impasse do IOF
O governo federal publicou nessa quarta-feira (11) um novo pacote de medidas tributárias para substituir o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) decretado em maio.
O novo modelo reduz o imposto sobre empresas e seguros do tipo VGBL e amplia a tributação sobre apostas esportivas (bets), criptoativos e investimentos isentos como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito Agropecuário (LCA).
O objetivo é reverter o desgaste político gerado pelo decreto anterior e, ao mesmo tempo, garantir o equilíbrio das contas públicas com novas fontes de arrecadação.
A nova proposta, no entanto, ainda enfrenta forte resistência de líderes do Centrão, que alegam não ter sido consultados e já articulam para barrar a medida provisória.
O economista Jorge Ferreira dos Santos, professor do curso de Administração da ESPM, avalia que o governo promoveu uma “troca de impactos”.
Enquanto a versão anterior do IOF afetava diretamente o crédito bancário e o consumo — com impactos severos sobre o risco sacado e, consequentemente, sobre o capital de giro do varejo —, a nova MP alivia esse efeito, mas impõe maior tributação sobre investimentos.
“O governo tenta preservar o consumo das famílias e o crédito bancário, mas ao custo de desestimular a poupança e os investimentos de longo prazo. Títulos como LCI, LCA, CRI e CRA, antes isentos de IR, agora perdem competitividade, o que pode comprometer setores como o imobiliário e o agronegócio, que dependem desses instrumentos para captação de recursos”, afirma.
Analistas do mercado financeiro avaliam que o governo deveria focar em discutir a eficiência dos gastos públicos e em promover reformas estruturais, em vez de apenas propor novas formas de arrecadação.
Fonte: Redação g1 — São Paulo