Um pouco sobre a História das Telecomunicações no Brasil – Cristais de Quartzo e Rochelle – Parte Final
Milhares de anos atrás, um homem sem nome, carteira de identidade e titulo de eleitor, conseguiu passar uma mensagem para seu companheiro. Através de sinais, utilizando-se de signos até então desconhecidos… Este cidadão estabeleceu um código que trouxe uma possibilidade única em si mesmo: o ato de comunicação.
Daquele momento até os dias de hoje, o homem vem aperfeiçoando a arte de comunicar-se, criar laços, romper fronteiras, derrubar barreiras… Todos os povos, todas as nações, perseguem o mesmo objetivo – o emissor transmite sua mensagem codificada, o receptor decodifica a ideia e apreende o sentido… E assim, as estórias podem ser contadas, as tradições podem ser perpetuadas, a memória tem o seu arquivo…
Ao longo de toda a sua evolução, o homem tem usado sua inteligência superior para compensar sua inferioridade física em relação a outros animais do planeta, chegando, através de técnicas desenvolvidas, por suas próprias habilidades, superando a todos e, em todos os aspectos.
Em termos de comunicação, observamos que o alcance de sua audição e visão são, naturalmente limitados. Através do desenvolvimento da tecnologia de telecomunicações, o homem pôde expandir sua capacidade de audição e de visão, de modo dirigido, com o objetivo específico de comunicar-se com qualquer parte do planeta, e até mesmo além deste limite.
Sua capacidade de comunicação é de suma importância para integrar as sociedades e as áreas geograficamente dispersas. Ela serve de base para a distribuição rápida e eficiente de informações diversas e pode ser um fator decisivo para a disseminação de conhecimentos, educação e cultura.
Sendo assim, todos os países necessitam de um sistema eficiente de telecomunicações, instrumento capaz de acelerar o desenvolvimento, permitindo as facilidades de comunicações entre empresas, pessoas e organismos sociais diversos, e garantindo assim que o Brasil também faça parte de uma Sociedade da Informação ou Sociedade de 4ª/5ª Onda Tecnológica. Portanto, um sistema de telecomunicações precário representa um grave entrave para o desenvolvimento industrial e social de qualquer país ou região, atrasando ou mesmo evitando este processo de transição tecnológica.
Para findarmos as três histórias do início do processo de industrialização das telecomunicações no Brasil, passamos abaixo o relato sobre o serviço de laminação e fabricação (das lâminas de cristal de quartzo) para os circuitos osciladores dos primeiros transmissores, fabricados pelo Departamento de Rádio da Marinha Brasileira. Essa fabricação ficou a cargo do comandante Lauro Hercilio de Almeida, que conseguiu fabricar os cristais com máxima precisão e confiabilidade. Para mostrar aos visitantes que os cristais eram a prova de choques, ele os jogava do terceiro andar do prédio ao chão, e, logo depois, fazia o teste para provar que eles estavam funcionando perfeitamente, dentro das tolerâncias máximas admitidas.
Com relação aos cristais de Rochelle, para os aparelhos sonares, de escuta submarina – os ecobatímetros – a Marinha usou o Laboratório de Física da Faculdade de Filosofia do Estado de São Paulo, mediante um convênio. O Laboratório desenvolvia os cristais de maneira totalmente satisfatória,e graças a isso os ecobatímetros puderam ser fabricados. Trabalhavam neste Laboratório com a Marinha os físicos Marcelo Damy de Souza Santos e Paulus Aulus Pompeia. Depois da 2ª Gerra, o “Know-how” de fabricação passou para a indústria, que pôde assim fabricar as cápsulas de cristal dos antigos toca-discos.
A Marinha auxiliou a indústria, durante a 2ª Guerra, em outras áreas estranhas às telecomunicações, como é o caso da fabricação de lentes e prismas para seus Telêmetros Ópticos (dispositivo de precisão destinado à medição de distâncias em tempo real), pela fábrica de Artilharia da Marinha. Também este “Know-how” foi útil à D. F. Vasconcellos Óptica e Mecânica de Alta Precisão, firma nacional que ainda hoje fabrica matrial optico.

Cristal de La Rochelle, Fonte: Internet.

Cristáis de Quartzo em seus encapsulamentos.
Fonte: https://www.newtoncbraga.com.br/como-funciona/10659-como-funcionam-os-osciladores-a-cristal-art2470.html
Fonte: Livre adaptação pessoal de Alexandre Dezem Bertozzi, do Capitulo 05 e 06 do livro: História Geral das Telecomunicações no Brasil, Caderno I, Organizador Henry British Lins de Barros, Edição patrocinada pela XEROX do Brasil. 1992.