Pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, capturaram a imagem de átomos com a mais alta resolução já registrada, quebrando um recorde anterior estabelecido pela própria equipe em 2018. O feito representa um avanço significativo na microscopia eletrônica, com potencial impacto em diversas áreas da ciência e tecnologia.

A imagem foi obtida a partir da análise de um cristal de ortoscandato de praseodímio (PrScO₃), usando uma técnica chamada pticografia. Nesse método, elétrons são lançados sobre o material e, ao analisar o ângulo de espalhamento desses elétrons, é possível reconstruir com altíssima precisão a forma e posição dos átomos. A ampliação alcançada foi de impressionantes 100 milhões de vezes.

Na imagem, os átomos de praseodímio aparecem como pares de pontos brilhantes, os de escândio como pontos únicos, e os de oxigênio como pequenos pontos vermelhos. A qualidade é tamanha que até o movimento térmico natural dos átomos — que os faz “tremular” — pôde ser percebido como um leve desfoque.

Esse novo registro apresenta o dobro da resolução alcançada pela mesma equipe em 2018, que já era três vezes superior ao padrão da época. Na ocasião, o grupo usou materiais 2D para minimizar o espalhamento de elétrons, um desafio que persistia há mais de 80 anos. Com o uso de algoritmos avançados adaptados de pesquisas com raios X, os cientistas conseguiram resolver esse problema e aplicar a técnica com maior eficiência mesmo em amostras mais espessas.

A conquista redefine os limites da resolução atômica e abre novos caminhos para áreas como ciência dos materiais, nanotecnologia e computação quântica. Segundo o físico David Muller, líder da pesquisa, “é como se todos estivéssemos usando óculos ruins, e agora finalmente temos um par excelente”. A partir de agora, localizar átomos individuais com extrema precisão passa a ser uma tarefa muito mais acessível para a ciência.

 

 

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