Sabe aquele pequeno choque ao encostar em uma impressora ou em outra pessoa no escritório? A sensação incômoda, mas inofensiva, é causada por um fenômeno bem conhecido: a eletricidade estática.

Ela ocorre quando há acúmulo de cargas elétricas em um corpo — que pode ser você, sua roupa ou um objeto. Ao entrar em contato com outro corpo de carga diferente, há uma liberação repentina dessa energia acumulada. “O que chamamos de choque é, na verdade, a descarga dessa diferença de potencial elétrico entre dois corpos. Quando essa diferença é grande o suficiente, o ar, que normalmente isola as cargas, deixa de ser um bom isolante e permite a passagem da corrente”, explica Olavo Leopoldino, diretor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB).

O atrito é o principal gerador dessa carga elétrica. A ação de andar com sapatos sobre carpete sintético, esfregar roupas de tecidos diferentes ou abrir e fechar a porta do carro são exemplos comuns. Embora o fenômeno pareça aleatório, ele depende de fatores como a umidade do ar. “Quando o ar está seco, ele mantém as cargas isoladas por mais tempo. Já o ar úmido tem mais íons, que ajudam a neutralizar essas cargas, diminuindo as chances de levar um choque”, afirma Thales Quirino, professor de física na Academia das Específicas, em Brasília.

Materiais metálicos também influenciam na intensidade do choque. Por serem ótimos condutores, tornam a descarga mais perceptível. Ainda assim, a eletricidade estática não representa perigo: “É como as fagulhas de um maçarico: têm alta temperatura, mas pouca energia total, então não causam grandes danos”, compara Leopoldino.

Existem formas simples de evitar os choques: manter o ambiente mais úmido, hidratar a pele, evitar roupas totalmente sintéticas e usar calçados com solas de borracha, que são menos condutoras.

Eletricidade estática em destaque:

  • Fenômeno causado por acúmulo de cargas elétricas;

  • Ar seco aumenta a incidência de choques;

  • Animais de estimação também podem senti-los;

  • Pode ser reduzida com mais umidade no ambiente ou no corpo.

Apesar de ser considerada incômoda, a eletricidade estática nem sempre é um problema. Na indústria, sua prevenção é tratada com seriedade, por meio de materiais antiestáticos, aterramentos e ionizadores — é o caso dos caminhões-tanque, que usam correntes metálicas arrastando no chão para liberar a carga acumulada antes que cause acidentes.

Além disso, o fenômeno também tem aplicações tecnológicas. Impressoras eletrostáticas, borrifadores que fixam tintas e até telas sensíveis ao toque utilizam a eletricidade estática como recurso funcional. “Quando entendemos um fenômeno físico, conseguimos encontrar inúmeras formas de aproveitá-lo”, reforça Quirino.

No fim das contas, o choque estático é mais um alerta do que uma ameaça. E se o ar estiver seco e você for encostar em alguém, talvez valha a pena avisar — ou brincar dizendo que foi “química entre vocês”.

Com informações do Metrópoles

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