Um estudante, de 25 anos, do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) é suspeito de desviar cerca de R$ 500 mil reais de uma república estudantil da cidade. O suspeito era morador e tesoureiro da Associação República Partenon de Ouro Preto, que reúne cerca de 60 pessoas. Uma notícia-crime foi enviada para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e para a Universidade Federal de Ouro Preto. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Conforme o documento apresentado ao MPMG e a UFOP, os denunciantes pedem para que o estudante do curso de Ciências Econômicas seja investigado pelos crimes de furto qualificado por abuso de confiança ou mediante fraude, e por lavagem de dinheiro. O relatório indica que o recurso desviado por ele foi acumulado pela república ao longo dos últimos 27 anos e tinha como objetivo a aquisição de uma sede própria para a associação, que hoje conta com cerca de 60 associados, entre alunos e ex-estudantes da Universidade.
A quantia, conforme o documento, foi arrecadada com eventos organizados pelos moradores da república, como a tradicional festa de Carnaval. Com o valor em caixa, os associados deram início ao processo de aquisição do imóvel, avaliado em R$ 390 mil, em 2022.
Por ser um dos moradores mais antigos da república, o estudante, de 25 anos, foi escolhido como o responsável por gerenciar a conta bancária da associação, em dezembro de 2021. “Era um dos associados mais velhos que moravam na República e que, por isso, tinha o respeito e a confiança dos demais moradores”, indica o documento.
No entanto, em março deste ano, os membros da diretoria da associação foram procurados pelos advogados do estudante suspeito. Na ocasião, os representantes do investigado disseram que haviam problemas relacionados à compra da casa, e que um rombo foi constatado nas contas da república.
Os membros da associação verificaram as últimas transações bancárias e constataram a retirada de aproximadamente R$ 600 mil reais, durante o Carnaval deste ano. A operação, conforme justificado pelo suspeito, foi realizada para pagar fornecedores do evento feito pela república, e também para quitar as despesas referentes à compra do imóvel.
Os diretores da associação questionaram a justificativa e acreditam que o recurso tenha sido utilizado pelo estudante em aplicações em plataformas de apostas. “As informações denunciam que o tesoureiro da requerente estava fazendo “desvios” de recursos das contas desde o momento de posse da sua diretoria”, descreve a notícia-crime.
A acusação aponta que essas transações se intensificaram em dezembro de 2022, período em que os valores da movimentação bancária foram superiores a R$ 5 mil. Os moradores da república acreditam que ele tenha se aproveitado da véspera da festa de Carnaval e da compra da casa para aumentar os valores das transferências.
O documento também aponta que o investigado chegou a pedir dinheiro emprestado para alguns ex-estudantes. O valor seria utilizado para pagar despesas urgentes durante o carnaval. A notícia-crime revela que dois ex-alunos transferiram quantias de R$ 9 mil e R$ 3 mil. Valores que não foram devolvidos.
Além do empréstimo, o suspeito teria deixado de pagar fornecedores do evento de Carnaval realizado pela república. A distribuidora de cervejas ficou sem receber cerca de R$ 7,3 mil, valor referente aos aluguéis de freezers e de caixas térmicas. Tickets de restaurantes parceiros do evento também não foram pagos. A república está com as contas relativas a água e ao aluguel do mês de março em aberto.
Diante do ocorrido, dois boletins de ocorrência foram registrados. A Polícia Civil de Minas Gerais informou, por meio de nota, que abriu um procedimento para investigar o caso. “A PCMG está apurando os fatos e outras informações serão repassadas em momento oportuno”, disse em nota.
A defesa do investigado disse que o estudante está à disposição da Justiça e da república para a resolução dos problemas. Os advogados informaram que o jovem está em tratamento psicológico e morando com os pais no interior de Minas Gerais. O Ministério Público de Minas Gerais e a Universidade Federal de Ouro Preto também foram questionados pela reportagem de O TEMPO, mas ainda não responderam.
Fonte: O Tempo