Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), a Favela do Moinho é controlada pelo PCC e o acesso costuma ser restrito a não moradores.
Irmão de Alessandra Moja, Léo do Moinho foi preso em agosto de 2024 no âmbito da megaoperação Salus et Dignitas. A família do traficante é apontada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPSP por ter transformado a região em uma espécie de base de distribuição de drogas do PCC.
“A família Moja se aproveitou da desorganização e ausência do Estado naquela região para instalar um ambiente de várias práticas criminosas, que se retroalimentam dentro da clandestinidade e que violam direitos humanos básicos das pessoas que lá se encontram, em especial os dependentes químicos, inclusive incitando movimentos dentro da comunidade de subversão contra as ações policiais”, escreveu o Gaeco.
Ao menos quatro integrantes da família Moja foram denunciados pelo MPSP em razão da operação Salus et Dignitas. Alessandra Moja, porém, não é citada nominalmente, apesar dos policiais terem encontrado droga no endereço da ONG que ela preside, a Associação da Comunidade do Moinho.
Alessandra Moja costuma dar entrevistas como representante da Favela do Moinho e criticando a atuação da Polícia Militar de São Paulo (PMSP) na favela. Com 40 anos de idade, ela diz que mora na região há mais de 30. É mãe de quatro filhos e dona de uma dezena de cachorros.
Alessandra Moja, no entanto, já foi presa e condenada. Em junho de 2015, recebeu uma sentença de oito anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, por participar de um assassinato.

Foto: Reprodução/ Metrópoles
O homicídio ocorreu em 2005 na Favela do Moinho. Na ocasião, ela e a irmã, Renata Moja Cunha, mataram uma mulher a facadas. A vítima dormia na casa do ex-namorado de Renata, que também foi agredido.
“Alessandra Moja Cunha, no dia, hora e local, descritos nos autos, agindo com intenção de matar, impelida por motivo fútil, com emprego de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima, matou Claudice Terra Rufino, mediante golpes de faca, provocando-lhe os ferimentos descritos no laudo de exame necroscópico e que foram a causa direta de sua morte”, diz trecho da denúncia do Ministério Público, obtida pela coluna.
“Consta, ainda, que na mesmas circunstâncias de tempo e local, agindo com igual intenção de matar, por motivo fútil e emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, tentou matar Everton da Silva, provocando-lhe os ferimentos descritos no laudo de lesão corporal”, prossegue.
Por conta do assassinato na Favela do Moinho, Alessandra Moja ficou presa no Centro de Progressão Penitenciária do Butantã, em São Paulo, entre agosto de 2018 e novembro de 2019. O regime era semiaberto.
Em 5 de novembro de 2019, a juíza Ana Helena Rodrigues Mellim concedeu à mulher a progressão ao regime aberto, sob as seguintes condições: não mudar de residência; recolher-se para repouso noturno, das 22h às 6h, inclusive em sábados, domingos e feriados; não frequentar lugares de reputação duvidosa; não ingerir bebidas alcoólicas; e tomar ocupação lícita dentro do prazo de 90 dias.
Procurada, a Associação da Comunidade do Moinho não se manifestou.
Por sua vez, Márcio Macêdo afirmou que sua reunião com a associação teve como única pauta a apresentação da solução habitacional para as famílias da Favela do Moinho. E que “o diálogo com lideranças comunitárias é parte fundamental da atuação de qualquer governo comprometido com políticas de inclusão social, habitação e valorização da cidadania”.
Já a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República explicou que a segurança da comitiva foi conduzida “de forma rigorosa pelos órgãos competentes, conforme o protocolo adotado em qualquer agenda presidencial, não tendo sido identificado qualquer risco à integridade das autoridades presentes”.