Mesmo fora da época das chuvas, a população de Minas Gerais já deve se preparar para se prevenir das arboviroses em 2025. O alerta foi dado pelo secretário de estado de Saúde Fábio Bacheretti, nesta quarta-feira (7). Para o ano que vem, as principais preocupações são o sorotipo 3 da dengue, as febres amarela e oropouche.
Diagnosticada pela primeira vez em Minas Gerais, neste ano, a febre oropouche, teve 147 casos identificados no estado até esta quarta-feira (7), com casos concentrados no Vale do Aço e no leste mineiro. Outros três casos foram confirmados pelo Lacen-MG, de moradores do município de Botuverá, em Santa Catarina. Bacheretti afirma que o mosquito da oropouche não é de áreas urbanas, mas tem características que dificultam o combate.
“Ele passa em mosquiteiro, pois é menor. E ainda estamos investigando a eficiência do repelente com este mosquito, o que nunca foi estudado”, afirma o secretário, que também afirma que tentar bloquear o inseto, neste momento, é pouco efetivo. Ele faz um alerta às gestantes: “Elas devem andar de mangas longas para evitar a picada. Essa doença pode estar vinculada a malformações cerebrais do feto e morte fetal. Estamos reforçando a vigilância”, afirma.
A dengue, que em 2024 provocou o maior número de mortes da história de Minas Gerais, também preocupa a gestão da saúde. O sorotipo 3 da doença está circulando no país, o que, segundo ele, se torna um risco após a circulação do sorotipo 2, que afetou o país neste ano.
“Sabemos que a coinfecção por sorotipos diferentes causa chances maior de dengue grave. Já vamos começar a capacitação dos servidores para o manejo clínico da doença, os drones já estão circulando com larvicida e para identificar áreas suscetíveis à doença, estamos espalhando os fumacês junto aos municípios, além dos recursos financeiros para as cidades”, enumera.
Vacinação contra febre amarela
A febre amarela, em 2024, registrou uma morte em Minas Gerais, com um caso suspeito. Mesmo assim, Bacheretti alerta para a baixa taxa de vacinação da doença, o que pode provocar uma alta de casos. Até o momento, conforme a SES-MG, 71% das crianças abaixo de cinco anos estão vacinadas. Entre as crianças abaixo de um ano, só 69% estão imunizadas. Ambas as taxas estão abaixo da meta de 95%.
Diante da situação, a secretaria de Estado de Saúde planeja iniciar, o mais rapidamente possível, uma grande campanha de vacinação contra a febre amarela. Cerca de 400 mil doses do imunizante foram solicitadas ao Ministério da Saúde. A campanha deve começar assim que as doses chegarem, o que ainda não tem previsão.
“É uma doença que de anos em anos causa mortes. Para quem pega, mesmo no melhor hospital, a chance de morrer é maior que a de sobreviver. E temos como arma principal a vacina. Convoco pais e responsáveis para garantir a vacinação dos filhos”, chama Bacheretti.
Hoje, Minas Gerais tem cerca de 80 mil doses de vacina contra a febre amarela, distribuídas em todas as salas. Quem quiser já pode levar o filho para se vacinar.
Preparação
Para o enfrentamento das arboviroses em 2025 em Minas Gerais, serão investidos R$ 163 milhões. Desse valor, R$ 120 milhões são de custeio livre para os municípios planejarem ações em nível de cada território. R$ 90 milhões devem ser pagos ainda em 2024, e os outros R$30 milhões serão repassados nos primeiros meses de 2025. Os recursos também podem ser usados no enfrentamento às doenças transmissíveis agudas causadas por vírus respiratórios, que também são consideradas emergência em saúde pública.
Outros R$28 milhões serão enviados para os consórcios intermunicipais de saúde contratarem serviços complementares de Ultra Baixo Volume (fumacê), como estratégia de combate ao mosquito aedes aegypti. Por fim, R$15 milhões serão disponibilizados para a continuidade dos trabalhos dos drones, para mapear locais com água parada e, em situações em que o Agente de Combate a Endemias tenha dificuldade de acesso, o equipamento aplicar o larvicida, eliminando focos do inseto.
Mas para além dos investimentos do poder público, Fábio Bacheretti convoca também a população para, desde já, tomar os cuidados necessários contra as arboviroses.
“Têm mosquitos e vírus circulando pelo estado, os ovos do aedes aegypti já estão depositados em diversos locais. Estamos convocando a população para fazer essa inspeção, lavar, esfregar esses cantinhos com água, calhas, ralos, pratinhos de plantas, para quando chegar a chuva, não ter nenhum ovo pronto para eclodir”, recomenda.
Fonte: O Tempo