O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira (8), durante participação na 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que pretende apresentar aos chefes de Estado, na próxima conferência do clima, os compromissos assumidos por crianças e adolescentes brasileiros com a proteção ambiental. O evento ocorre na cidade de Luziânia, em Goiás, no entorno do Distrito Federal, e se estende até o dia 10 de outubro.

Lula parabenizou o protagonismo dos estudantes e defendeu que a educação climática seja incorporada de forma sistemática ao currículo escolar. “Temos que fazer com que a educação do clima não seja uma coisa eventual, que ela faça parte do nosso dia a dia, que ela faça parte da nossa cultura sistematizada. Isso aqui é um exemplo”, afirmou o presidente.

A conferência deste ano tem como tema central a educação e a justiça climática, e integra o movimento de preparação do Brasil para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, na cidade de Belém, no Pará. As propostas elaboradas por crianças e adolescentes serão levadas ao Balanço Ético Global (BEG), espaço de engajamento social da COP30.

Durante o evento, Lula recebeu uma carta dos estudantes com compromissos coletivos construídos ao longo da conferência. Ao comentar o documento, o presidente declarou: “Vocês estão fazendo uma pequena revolução nesse país”. Ele também se comprometeu a entregar uma cópia da carta a cada presidente estrangeiro que participar da COP30. “Nós vamos ter a reunião dos chefes de Estado na cidade de Belém, e eu quero entregar uma carta dessa para cada presidente de país estrangeiro que chegar aqui no Brasil. Eu quero que eles saibam o grau de maturidade política do nosso jovem”, disse.

Entre os compromissos presentes na carta estão:

  • “Assumimos que não existem problemas ambientais, mas sim apenas sintomas ambientais dos problemas causados pelos seres humanos”;
  • “Por isso, nos comprometemos a apoiar a luta e resistência de povos indígenas, comunidades quilombolas, agricultores familiares, pois são essenciais, para qualquer transformação social e ambiental, as suas tecnologias ancestrais”;
  • “Proteger as pessoas e toda a vida do planeta com equidade, igualdade e inclusão. Justiça climática não é só sobre o meio ambiente ou o clima”;
  • “Ampliar a nossa capacidade de prevenção de riscos, assumindo que a consciência das diferentes vulnerabilidades nos torna mais humanos, verdadeiros e potentes para lidar com os impactos dos desastres climáticos”;

“Resistir a um sistema que força as pessoas a competirem por poder e dinheiro gerando desigualdades e preconceitos, como o racismo, a homofobia, a exclusão, a intolerância religiosa, o racismo ambiental, entre outras diversas formas de discriminação”.

Lula também destacou a importância de criar incentivos e facilidades, inclusive por parte do governo, para que os jovens conheçam as riquezas naturais do Brasil. “É assim que a gente desenvolve uma consciência de nação, uma consciência de cidadãos, uma consciência de soberania sobre o seu território, sobre as suas coisas”, afirmou.

O presidente sugeriu que crianças sejam levadas para conhecer os principais biomas e rios do país. “Por que a gente não pega as nossas crianças e a gente faz um turismo pelo Rio Amazonas? Pelo Rio Tapajós, pelo Rio Solimões. Por que a gente não leva as nossas crianças para conhecer a riqueza do Pantanal? Isso é turismo. Isso é desenvolvimento de conhecimento, é fazer com que a gente possa crer, ver aquilo que é nosso, aquilo que nos é útil”, defendeu.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, idealizadora da primeira edição da conferência em 2003, também participou do evento e destacou o comprometimento dos estudantes com as mudanças necessárias para o equilíbrio climático. “Em vez de dizer para o presidente o que ele deve fazer, vocês sempre dizem o que vocês estão fazendo e o que vocês estão comprometidos em fazer”, disse.

Marina reforçou a importância da participação juvenil no debate ambiental. “As crianças, os adolescentes, são as melhores mensagens que nós podemos enviar para o futuro. Vocês são as mensagens que estão sendo enviadas para o futuro. Porque, como vocês disseram, o futuro é agora, e para que esse futuro seja justo, democrático, sustentável, é fundamental que a gente tenha um ecossistema saudável”, acrescentou.

A Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente é um processo de mobilização que convida escolas de todo o país a desenvolverem jornadas pedagógicas voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas, por meio de pesquisas e produção de conhecimento. O objetivo é engajar crianças e adolescentes na transformação de seus territórios e comunidades escolares.

Desde o primeiro semestre de 2025, foram mobilizadas 8.732 escolas em 2.307 municípios. Destas, 1.293 estão localizadas em áreas de risco socioambiental e 158 atendem estudantes com deficiência (PCDs). O Ministério da Educação também contabiliza a participação de 1.478 escolas da zona rural, 186 indígenas e 139 quilombolas, abrangendo todos os estados brasileiros e o Distrito Federal.

O evento em Luziânia reúne cerca de 800 pessoas de diversas regiões do país, entre delegados infantojuvenis com idades entre 11 e 14 anos, professores, acompanhantes e representantes das comissões organizadoras estaduais.

Ao longo de cinco edições, realizadas entre 2003 e 2018, a conferência envolveu mais de 20 milhões de pessoas, incluindo crianças, adolescentes, jovens, professores, gestores da educação e do meio ambiente. A organização é feita pelos ministérios da Educação e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Com informações da Agência Brasil

 

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