O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) afirmou nesta terça-feira (18) que, se for eleito presidente nas próximas eleições, pretende indicar magistrados de carreira para as duas vagas que devem se abrir no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo mandado presidencial com as aposentadorias de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski.
Ele afirmou que escolher quem já está no Judiciário permite que se possa saber qual o perfil de decisão que aquele ministro vai tomar na Corte constitucional. As declarações foram dadas ao canal “Jovem Pan News”.
“Eu não tenho os nomes ainda, tá? Eu tenho o perfil. Eu devo indicar magistrados de carreira. Qual a vantagem disso? Você consegue ver o histórico da pessoa como juiz, como ela decide. Aliás, é o que tem feito já os presidentes norte-americanos há muito tempo. Eles normalmente nomeiam quem já está no Judiciário, porque a pessoa, além de ter experiência, você consegue verificar qual que é o histórico. E o histórico que eu quero, que é um firme compromisso com a legalidade, com juízes que tenham aquela visão de que existe o império da lei e que o império da lei é importante para a democracia. Que sejam juízes que respeitem, sim, os direitos humanos, os direitos fundamentais, mas que também tenham firme compromisso no combate à corrupção e aquilo que está errado em nosso país”, afirmou.
Evitando fazer críticas diretas aos atuais ministros do STF, embora tenha sido algumas vezes instado a isso, Moro afirmou que as decisões que anularam condenações da Lava Jato, devolveram ao país aquela ideia de que o rico não vai para a cadeia no Brasil.
“A gente precisa romper não só com essa polarização, e a gente vai romper, mas a gente precisa romper com aquilo que a gente ouve há, sei lá, duzentos anos quase, que é essa cultura patrimonialista no Brasil. Essa cultura de que a pessoa deve levar vantagem em tudo. Mesmo em detrimento dos outros. É isso a meu ver o principal fator que faz com que a gente não consiga avançar como país”, afirmou.
Na entrevista, Moro também foi questionado sobre a possibilidade de alianças do Podemos com outros partidos, em especial o União Brasil, ou até mesmo uma chapa com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O pré-candidato afirmou que tem o apoio de lideranças em diversas legendas, mas que a maior dificuldade é juntar todas elas dentro de um projeto.
“Partidos no Brasil não são aquela fortaleza, aquela tradição. Há muita mutabilidade dentro dos partidos”, afirmou Moro, que concentrou suas principais respostas em críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ele, ambos geram riscos à democracia.
Fonte: O Tempo