No fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros conviviam com a fome. Em 2022, são 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer. A desnutrição, provocada pela falta de comida, tem atingido bebês com menos de 1 ano no Brasil. Em 2021, foram registradas 113 internações por desnutrição, a cada 100 mil nascimentos, pior patamar dos últimos 14 anos. Os dados mostram aumento de 10,9% em relação a 2008 (101,9 casos de hospitalização), ano de início do período analisado.
Pesquisa do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) indica que as crianças chegam aos postos de saúde e aos hospitais com insuficiência de nutrientes, muitas vezes desidratadas e com quadro de infecção. Em números absolutos, 2.939 crianças nessa faixa etária precisaram de internação no ano passado. O observatório está ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e à Unifase e os dados foram divulgados com exclusividade pelo Estadão. O problema é ainda maior para os bebês que vivem nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
Na região Nordeste, o número de hospitalizações está 51% maior do que a taxa nacional, que ficou em 113 internações por 100 mil nascimentos em 2021. Por lá, ocorreram 171,5 hospitalizações nessa faixa etária para cada 100 mil nascimentos, conforme a análise da Fiocruz e da Unifase. O Nordeste concentra Estados com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no País, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil de 2017.
Fome no Brasil
Em 2022, conforme pesquisa publicada no “Olhe para a fome”, desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VIGISAN, a insegurança alimentar se tornou ainda mais presente entre as famílias brasileiras.
O número de domicílios com brasileiros passando fome saltou de 9% (19,1 milhões de pessoas) para 15,5% (33,1 milhões de pessoas). São 14 milhões de novos brasileiros/as em situação de fome em pouco mais de um ano.
“A continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 mantiveram mais da metade (58,7%) da população brasileira em insegurança alimentar, nos mais variados níveis de gravidade”, aponta a pesquisa.
*Com informações do Estadão
Fonte: Itatiaia