Durante muito tempo, as pesquisas eleitorais foram vistas como oráculos com poderes de prever o futuro e instrumentos de campanha habilitados para influenciar diretamente os votos dos eleitores. Candidatos corriam atrás dos institutos em busca de boas manchetes, acreditando que um bom resultado em números resolveria também o desempenho prático nas urnas. Mas os tempos mudaram. E as formas de uso das pesquisas eleitorais também se transformaram.

Representantes da velha política, que costumavam apostar todas as fichas de suas candidaturas nas pesquisas eleitorais, hoje acreditam que os levantamentos perderam o valor. Mas esse é um grande equívoco. O que mudou foi o papel que elas ocupam dentro de uma estrutura moderna de campanha. Na prática, o que vemos é que, atualmente, quem despreza as pesquisas costuma andar às cegas. E quem as usa apenas para mostrar que está “na frente”, geralmente não está.

Políticas inteligentes, que caminham na vanguarda dos tempos atuais, já compreenderam que a pesquisa não é mais um fim. É um meio. E que, quando inteligência usada com estratégia, ela continua sendo uma das ferramentas mais poderosas para a construção de uma imagem forte junto à opinião pública.

Pesquisas de qualidade, feitas com rigor e leitura correta, ajudam a ajustar o discurso, entender o que o povo realmente quer ouvir e definir onde a campanha deve concentrar energias e injetar investimentos — seja no digital ou na rua.

Nos dias atuais, os levantamentos de intenção de voto precisam dialogar com dados, narrativas e timing. As pesquisas não foram avaliadas isoladamente, mas, sim, adicionadas a um arcabouço maior de informações, que ajudam o núcleo estratégico das campanhas a entender as tendências do comportamento do eleitor e do cenário político como um todo.

Além disso, as pesquisas de hoje devem ser mais abrangentes. Eles não devem consultar os candidatos apenas sobre sua intenção de voto, mas levantar também suas opiniões sobre temas decisivos para construção de planos de governo e dos discursos dos candidatos.

Em tempos de redes sociais, inteligência artificial e comunicação em tempo real, a pesquisa certa é aquela que ajuda a pensar, e não só aparece. Por si só, ela não vencerá a eleição, mas garantirá os subsídios estratégicos que levarão o candidato à vitória.

* Wilson Pedroso é analista político, consultor eleitoral e sócio estrategista do Real Time Big Data

* Bruno Soller é cientista político e sócio fundador do Real Time Big Data

 

 

 

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