A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados alarmantes sobre os impactos da saúde mental no ambiente de trabalho. Segundo o levantamento, baseado no relatório “World Employment and Social Outlook: Trends 2022”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a depressão e a ansiedade estão custando à economia global cerca de 1 trilhão de dólares por ano.
Esse valor impressionante é comparável a uma paralisação total da economia brasileira por quase seis meses. Além do impacto financeiro direto, os prejuízos incluem perdas de produtividade, aumento do absenteísmo e rotatividade de funcionários.
12 bilhões de dias de trabalho perdidos por ano
De acordo com a OMS, trabalhadores ao redor do mundo faltam ao trabalho cerca de 12 bilhões de dias todos os anos em decorrência de transtornos mentais. Isso equivale a aproximadamente 48 milhões de pessoas deixando de trabalhar por um ano inteiro, considerando uma média de 250 dias úteis por trabalhador.
Ainda segundo os dados, quase 60% da população mundial está inserida no mercado de trabalho, e cerca de 15% dos adultos em idade produtiva apresentavam algum transtorno mental já em 2019. Isso significa que, de cada dez trabalhadores, ao menos um convive com algum problema de saúde mental.
Grupos mais vulneráveis
Algumas categorias de trabalhadores enfrentam riscos ainda maiores. Profissionais da saúde, trabalhadores humanitários, equipes de emergência e pessoas inseridas na economia informal — que representa mais da metade da força de trabalho mundial — são os mais vulneráveis.
Sem acesso a direitos trabalhistas, estabilidade ou proteção social, esses trabalhadores têm maior probabilidade de desenvolver ou agravar transtornos mentais. Além disso, indivíduos com doenças mentais graves frequentemente são excluídos do mercado de trabalho, agravando ainda mais sua situação.
Trabalho também pode ser parte da solução
Apesar dos números preocupantes, a OMS reforça que o trabalho pode ser benéfico para a saúde mental — desde que esteja inserido em um ambiente saudável, seguro e acolhedor. Para isso, a organização propõe quatro pilares fundamentais:
- Prevenir: evitar que o trabalho leve ao adoecimento mental;
- Proteger e promover: cuidar ativamente da saúde mental de todos os colaboradores;
- Apoiar: oferecer suporte a quem já convive com transtornos mentais;
- Criar ambiente adequado: combater o estigma e permitir que as pessoas falem abertamente sobre saúde mental.
Uma questão de bem-estar e economia
A crise da saúde mental no ambiente de trabalho se consolidou como um problema global, agravado após a pandemia de Covid-19, que aumentou os níveis de estresse, ansiedade e sobrecarga emocional em diversas profissões.
Os impactos são sentidos tanto por trabalhadores — que sofrem com queda de rendimento, perda de renda e exclusão social — quanto pelas empresas, que enfrentam custos com ausências, baixa produtividade e necessidade de constante substituição e treinamento de pessoal.
A OMS destaca que investir em saúde mental no trabalho não é apenas uma questão de bem-estar, mas uma necessidade econômica. Ambientes de trabalho mais saudáveis geram funcionários mais produtivos, empresas mais eficientes e economias mais resilientes.
Com informações do Itatiaia