A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), uma das primeiras mulheres trans no Congresso Nacional, abriu na quinta-feira (9), um abaixo-assinado online pedindo a cassação de Nikolas Ferreira (PL-MG), também parlamentar da Câmara dos Deputados, pelo crime de transfobia. Em 24 horas, a petição reuniu mais de 150 mil assinaturas.

No site, Erika fez o seguinte comentário: “Vamos lutar por todas as mulheres ofendidas pelo discurso de ódio em nossa sociedade. Não seremos silenciadas por conta da transfobia. A nossa chegada no Congresso é reflexo dos nossos avanços. Nós não vamos parar”.

“A lista de signatários ficará aberta até a semana que vem e será entregue pessoalmente ao presidente Arthur Lira, junto da representação, na semana que vem. Lira repudiou os atos do deputado nas redes sociais. Parlamentares envolvidos no pedido de cassação avaliam que essa demonstração pode indicar, ao menos, que o caso não passará sem uma mínima resposta da cúpula da Câmara”, diz trecho da descrição da petição.

Durante seu discurso no dia 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, Nikolas usou uma peruca e disse se chamar ‘deputada Nicole’ para debochar de mulheres trans. O parlamentar afirmou, ironicamente, que se sentia também uma mulher e que, por isso, tinha lugar de fala.

“Hoje o Dia Internacional das Mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar, pois eu não estava no meu local de fala. Então eu solucionei esse problema aqui. Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole. E eu tenho algo aqui muito interessante para poder falar. As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”, afirmou Nikolas.

“E para terem ideia do perigo de tudo isso, estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é uma realidade. Eu posso ir para a cadeia caso seja condenado por transfobia, porque eu, no Dia Internacional das Mulheres, há dois anos, parabenizei as ‘mulheres XX’. Ou você concorda com o que estão dizendo ou, caso contrário, você é um transfóbico, um preconceituoso”, acrescentou.

Ferreira finalizou a fala transfóbica afirmando que as mulheres não devem nada ao feminismo. “O feminismo exalta mulheres que nada fizeram”, destacou. Transfobia é crime, com pena prevista de até três anos de reclusão.

Vale destacar, que Nikolas Ferreira já responde judicialmente por transfobia contra a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), que é uma mulher trans. O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) repreendeu a fala do mineiro, assim como outros deputados que condenaram a atitude e exigiram respeito à Casa. Nikolas também é alvo de representações no Conselho de Ética. Ao todo, cinco partidos pedem sua cassação.

Fonte: Estado de Minas

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