Os rescaldos negativos do desgoverno de Jair Bolsonaro, mesmo após o seu fim, têm repercutido negativamente no país, com a eclosão de crises e ataques a instituições democráticas em 2023, fazendo com que a polícia e justiça apurem os ataques, as denúncias e os fatos.

O governo de Jair Bolsonaro foi sintetizado em sua fala de 17.03.2019, em Washington, Estados Unidos: “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer”. E o seu governo foi isso. Algumas políticas públicas foram desfeitas, como o Plano Nacional de Imunização ou o afrouxamento da fiscalização do meio ambiente, deixando o Brasil submetido ao aumento de doenças, garimpo ilegal, desmatamento, queimadas, invasão das terras indígenas, etc.

Jair Bolsonaro, diversas vezes lançou dúvidas contra o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, como sua fala em 01.07.2021: “Eu entrego a faixa presidencial para qualquer um que ganhar de mim na urna de forma limpa. Na fraude, não…”.

Com a derrota nas eleições, Jair Bolsonaro ficou em silêncio e não reconheceu a derrota. Seus interlocutores diziam para os seus eleitores terem certeza que “algo iria acontecer”.
A diplomação e posse de Lula frustrou os eleitores de Bolsonaro. A sucessão de ocorrências depois mostrou a intenção deliberada de se dar um golpe.

No dia 08.01 eleitores bolsonaristas radicais invadiram e depredaram os prédios da praça dos 3 Poderes, em Brasília. Milhares de pessoas foram presas e estão sendo processadas.
Entretanto, novas revelações mostraram estar em curso dentro do governo Bolsonaro outras ações para se realizar um golpe.

A Revista Veja, na edição número 2827, nas páginas 24 a 31, trouxe denúncia do senador Marcos do Val relatando reunião no dia 09.12.2022 com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e com o deputado federal, Daniel Silveira, onde foi pedido para o senador gravar conversa com o ministro do STF, Alexandre de Moraes. O “plano era flagrar o magistrado em alguma inconfidência ou indiscrição e usar o material como argumento para anular as eleições, impedir a posse de Lula e manter o ex-capitão no poder”.

A tentativa de desqualificação Alexandre de Moraes (ministro do STF e presidente do TSE) se conecta perfeitamente com a minuta pronta, encontrada pela Polícia Federal na residência do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, com a previsão de decreto de intervenção na justiça eleitoral, imputando abuso de poder, suspeição e medidas ilegais do TSE na condução do processo eleitoral.

Esse plano de golpe fracassou e o legítimo resultado eleitoral foi mantido. Jair Bolsonaro saiu pelas “portas dos fundos” da presidência, não passou a faixa para o seu sucessor, foi para os Estados Unidos, mas as condutas e omissões de todos os envolvidos no golpe fracassado devem ser investigadas.

 

COMPATILHAR: