Na busca pela economia nas compras do dia a dia, cada vez mais escassas devido aos constantes aumentos de preços, consumidores recorrem a promoções de produtos, com prazo de validade próximo, e até congelam alimentos para consumi-los depois. De olho nesse filão, redes de supermercados especializados em promoções de itens próximos da data de vencimento se expandiram na pandemia e estão lucrando mais do que nunca.

Antes da abertura dos portões, nesta quinta-feira (7), por volta das 9h, uma fila de dezenas de pessoas esperava a inauguração da unidade de uma unidade do supermercado Delícias de Leite no bairro Betânia, na região Oeste de Belo Horizonte. A rede, inaugurada em 2013, aposta em produtos com prazo de validade próximo para fazer promoções de 30% a 70%, em média, segundo um dos proprietários, Flávio Magelo. Na pandemia, o faturamento da empresa aumentou quatro vezes, e a rede passou de cinco para nove unidades, com planos de abrir mais três neste ano.

“Compramos direto da indústria e podemos vender produtos até o último dia de validade. São para rápido consumo, e focamos os itens de café da manhã, como pão, que não estão na cesta básica. São itens de oportunidade. Às vezes, o cliente vai chegar aqui e não encontrar o que deseja, mas vai achar outro e levá-lo para casa”, diz. O foco em promoções não livrou o negócio da inflação. Magelo diz que hoje compra produtos em média 20% mais caros do que antes da pandemia, o que foi repassado aos clientes.

Os aumentos não afastaram os consumidores durante a inauguração da loja, que comprou 5.000 sacos de arroz com expectativa de zerar o estoque em um único dia. A dona de casa Érika Hellen, 32, encheu um carrinho e duas cestas no supermercado com arroz, frango, pão de forma e produtos de higiene.

“Antes da pandemia, não ligava tanto para promoção, mas minha mãe e minha irmã ficaram desempregadas, e as coisas ficaram ruins ”, diz.

A autônoma Sabrina Lopes, 37, conta que já aproveitou promoções de manteiga em supermercados especializados para comprar grandes volumes e substituir o óleo de soja. “Congelei tudo para aumentar o tempo de uso”, ressalta.

Cremosa. A rede Cremosa também passou por um boom durante a pandemia, tendo iniciado 2020 com quatro unidades e, hoje, tem dez. O objetivo é chegar a 15 pontos até o final deste ano. “Considerando janeiro a março deste ano, nossas vendas aumentaram 30% em comparação com o mesmo período do ano passado. A média de validade dos produtos é cinco dias”, diz um dos sócios da empresa, Adam Guilherme.

Na inauguração da Delícias do Leite, nesta quinta-feira, dia 7, no Betânia, os clientes contaram que souberam das promoções pelas redes sociais, por isso se animaram a encarar a fila debaixo do sol. A comunicação pelas redes é a maior aposta da empresa para atrair a atenção dos clientes, explica o proprietário Flávio Magelo. O supermercado disponibiliza, em sua conta no Instagram, os grupos para acompanhar as promoções do dia.

Vencimento deverá ser respeitado

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina os parâmetros para a indústria considerar a data de validade dos alimentos. Não necessariamente o produto estará estragado assim que passar da data escrita na embalagem, mas aquele é o período máximo em que a indústria garante que ele esteja bom para o consumo se for armazenado corretamente.

Embora haja margem de segurança, os nutricionistas recomendam que o consumidor não se arrisque em comer produtos com data de validade vencida. “Terminado o prazo indicado pelo fabricante, nada garante que o produto estará bom. Não podemos dizer que, se você não vir ou cheirar algo diferente, pode consumi-lo, porque não necessariamente aparecerão sinais de deterioração da mercadoria”, enfatiza o professor de nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gilberto Simeone.

 

 

Fonte: O Tempo

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