A Caderneta de Poupança fechou os três primeiros meses de 2022 com retirada líquida de R$40,4 bilhões, correspondente à diferença entre os depósitos e os saques. O montante é o maior para o período desde 2016, quando os saques chegaram a R$ 40,7 bilhões, e 2014, que registrou R$ 53,57 bilhões.

Isso ocorre em um cenário onde a modalidade vem fechando nos últimos 20 meses sempre perdendo para a inflação e, ao mesmo tempo, reforçando outras modalidades de investimento.

Em abril, a rentabilidade foi de 0,56%, enquanto a medição inflacionária foi de 1,06%. Ou seja, quase 0,50% negativo. No acumulado dos últimos 12 meses, a Poupança já acumula rendimento negativo de 6,58%. Os últimos ganhos reais na modalidade foram registrados em agosto de 2020.

Especialistas apontam que, há um bom tempo, o investimento na Caderneta de Poupança vem perdendo interesse, a ponto de alguns considerarem a modalidade ultrapassada. “A Poupança é o tipo de investimento que já não faz sentido há muitos anos, mas ainda é muito tradicional entre os brasileiros. Isso é reflexo da baixa educação financeira do país. Poucas pessoas têm acesso a informação de qualidade sobre outras modalidades de investimento”, afirma a líder regional da XP em Minas Gerais, a especialista em investimentos Jéssica Oliveira.

O coordenador do MBA em Finanças do Ibmec BH, Fabiano Santos,  acredita que não há uma previsão a curto prazo de melhora na modalidade de investimento. “A Poupança só vai voltar a ficar boa quando o governo baixar a meta da Taxa Selic abaixo dos 8,5% ao ano, e a gente voltar a ter estabilidade financeira. Mas, para 2022, eu não imagino uma melhora no investimento da Poupança, até porque não consigo vislumbrar um cenário de queda na Selic a curto prazo”, diz o professor.

Desanimada com a perda de rentabilidade da Poupança, a arquiteta e urbanista Olga Santos, de 32 anos, de Contagem, sacou todo o dinheiro que tinha depositado e migrou para outras modalidades. Ela conta que procurou dicas de especialistas em investimentos, que a ajudaram a decidir o que fazer. “Desde que procurei as dicas, comecei a ter conhecimento de outros tipos de aplicações com rendimento reais. Agora eu deixo o meu dinheiro em uma conta digital, que tem como rendimento baseado no CDI. Ou seja, é um rendimento muito mais imediato do que a Poupança”, explica a arquiteta.

Para o economista Fabiano Santos, há outras boas  alternativas  à Poupança. “Investimentos em LCI e LCA são um dos mais simples que temos, e são isentos de Imposto de Renda. Elas têm um retorno que guarda relação com a Selic, que hoje ainda é superior à inflação. Outro que tem renda fixa também e é muito bom principalmente nesse cenário de inflação fora de controle, é o Tesouro IPCA. É seguro porque o governo é o emissor do título”, enumera.

Jéssica, da XP, afirma que, para escolher onde investir, todo investidor deve “analisar seu perfil e alocar de acordo com os próprios objetivos, prazos e disposição para risco”.

Fonte: Hoje em Dia

 

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