Um dos cartões-postais da Serra do Cipó, a cachoeira Véu da Noiva, na Região Central de Minas Gerais, aguarda um laudo técnico para determinar se há risco de queda de um paredão da estrutura rochosa. A cachoeira foi interditada na semana passada, após visitantes notarem uma fenda que aparenta estar se desprendendo do muro.
O caso acende na memória dos mineiros lembranças sobre a tragédia que ocorreu no Lago de Furnas, em Capitólio, no Sul de Minas, em janeiro de 2022, e retoma o alerta para a segurança em locais de turismo geológico e de aventura. Especialistas reforçam a necessidade de um mapeamento de risco em áreas de ecoturismo.
Com uma queda d’água de quase 70 metros, a cachoeira Véu da Noiva fica dentro do camping da Associação Cristã de Moços em Minas Gerais (ACM-MG). O acesso é feito por uma trilha de cerca de 400 metros, fechada desde 27 de abril. O caminho é uma subida de pedras, tem até corrimão, e a caminhada dura, em média, 10 minutos. Segundo Geraldo Majella Barreto, presidente da ACM-MG, a entidade estuda a contratação de um geólogo para avaliar o real dano na pedra, mas ainda sem prazo para conclusão. “Não é uma coisa para se fazer igual parto que foi avisado e tem 24 horas para sair. Aqui a gente trabalha com vidas. Nós não temos prazo, mas temos pressa. Temos que fazer rápido, mas com extrema cautela, porque isso não é coisa com que se brinque”, afirma.
A reportagem do Estado de Minas esteve na cachoeira na quarta-feira (3) e conseguiu acesso a imagens exclusivas, registradas 35 anos antes da interdição da queda d’água. No comparativo com a foto de 1988, é possível constatar um deslocamento da pedra, que hoje apresenta uma fenda em formato de V. A ACM ressalta que realiza vistorias periódicas no local e promete uma avaliação completa de todo o maciço da cachoeira na elaboração do laudo com especialista. “Nossa preocupação é com a vida. Naturalmente, sem nenhum alarde, a gente já faz essas vistorias. Agora, vamos aproveitar a visita do geólogo para fazer uma avaliação de toda a estrutura”, destaca o presidente da entidade. Ele também enfatiza os investimentos na segurança dos visitantes, como a instalação de corrimão na trilha de acesso à cachoeira e a presença de salva-vidas no espaço.
Apesar de a cachoeira não estar aberta, a unidade da ACM, inserida no Circuito do Parque Nacional da Serra do Cipó e da Estrada Real, conta com vista privilegiada para o cânion, e segue funcionando normalmente, sem qualquer risco aos visitantes. O espaço tem uma piscina natural com água cristalina que vem do Véu da Noiva, além de uma estrutura completa com acampamento com vestiários, restaurantes, quadras de vôlei, peteca e campo de futebol. A entidade, sem fins lucrativos, converte os valores arrecadados no camping em programas sociais para crianças e adultos em situação de vulnerabilidade e risco social. Também atua com educação complementar, atendimento psicossocial, esporte e lazer. “A gente só trabalha com coisa séria, raciocínio e documento”, diz Barreto, enquanto mostra o relatório de interdição da queda d’água.
Fonte: Estado de Minas