O empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Sheik do Bitcoin, investiu cerca de R$ 30 milhões em uma sociedade com o pastor Silas Malafaia, fundador da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. A revelação foi feita por uma testemunha-chave no processo criminal que levou à condenação do Sheik, em outubro de 2024, a 56 anos de prisão.
O investimento de R$ 30 milhões ocorreu entre 2021 e 2022, quando Malafaia e Francisley se tornaram sócios na Alvox Gospel Livros Marketing Direto, uma loja digital voltada ao público evangélico. A empresa, que teve como principal objetivo ajudar a Central Gospel LTDA, editora de Malafaia, a se recuperar de uma grave crise financeira, foi fundada em maio de 2021 e encerrada em julho de 2022. O pastor Silas confirmou o investimento, mas destacou que a sociedade foi de curta duração e que não havia denúncias contra Francisley à época.
A Central Gospel, editora do pastor, enfrentava dificuldades financeiras desde 2019, quando entrou em recuperação judicial com uma dívida de quase R$ 16 milhões. De acordo com a testemunha, Francisley se ofereceu para comprar a dívida da editora e ajudar Malafaia a superar a crise. “Ele [Francisley] gastou muito, R$ 30 milhões para erguer a empresa“, relatou Davi Zocal, que também afirmou que o investimento foi feito para garantir que a sociedade não causasse danos às reputações de ambos, com a criação da Alvox como uma empresa “disfarce”.
O esquema de pirâmide financeira do Sheik do Bitcoin, descoberto posteriormente, envolvia cerca de 15 mil vítimas e movimentou cerca de R$ 4 bilhões entre 2018 e 2022. Entre os prejudicados, estava a filha da apresentadora Xuxa, Sasha Meneghel. A Polícia Federal, que deflagrou a operação contra Francisley em outubro de 2022, acusou o empresário de enganar os investidores com promessas de lucros rápidos a partir de criptomoedas.
Em resposta, Silas Malafaia confirmou o investimento, mas ressaltou que, à época da sociedade, não havia qualquer denúncia contra o empresário. “Quando ele foi sócio comigo, ele foi sócio por um ano. Não havia uma denúncia em Ministério Público e Polícia Federal contra ele“, afirmou o pastor. Malafaia também explicou que, devido à recuperação judicial de sua editora, ele não poderia ter sócio na Central Gospel e que o investimento foi para ajudar a comprar materiais de sua editora e manter as operações.
O pastor também negou que tenha feito qualquer tipo de propaganda para o Sheik do Bitcoin dentro de sua igreja ou em qualquer outro espaço. “Onde é que eu fiz uma propaganda para alguém comprar coisa ou membros da minha igreja? Onde? Em lugar nenhum“, declarou Malafaia, enfatizando que ele era apenas um “sócio de uma empresa” e não teve envolvimento com os crimes relacionados às atividades de criptomoeda de Francisley.
A sociedade entre os dois, que durou cerca de um ano, foi encerrada antes que Francisley fosse denunciado pela Polícia Federal. Contudo, o caso levantou questões sobre o vínculo entre líderes religiosos e empresários envolvidos em esquemas financeiros, gerando uma repercussão ampla nas esferas políticas e sociais.
O processo continua em andamento, com a sociedade entre Malafaia e o Sheik do Bitcoin sendo uma parte importante da investigação, embora o pastor tenha reafirmado seu distanciamento de qualquer envolvimento criminoso.
Com informações Metrópoles