Areia, serragem, sal e pó de café voltam a colorir as ruas das cidades históricas de Minas, após dois anos de pandemia sem procissão de Corpus Christi sobre os tradicionais tapetes.

Em Sabará, na região Metropolitana de BH, a montagem começou cedo, na manhã desta quarta-feira (15), véspera do feriado. Segundo a secretaria de Cultura, a Prefeitura oferece o material para a confecção pelos moradores. E artistas locais foram convidados a fazer os moldes em papel ou lona, com os motivos religiosos da celebração, como cálice, cruz e hóstias.

O trabalho começou por volta das 9h e deve seguir até o fim da noite ou início da madrugada. Não é uma tarefa fácil, já que o trajeto por onde os fiéis irão seguir em procissão tem cerca de 1,5 km, entre a Igreja do Rosário até a matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Além das missas e da procissão, ainda há uma programação cultural para moradores e turistas, com exposições de fotos, feira de artesanato e shows musicais, além de duas oficinas para confecção de tapetes. São esperadas mil pessoas na procissão e outras mil na programação cultural.

Segundo o secretário municipal de Cultura de Sabará, André Alves, esta é a primeira procissão depois da pandemia em que os fiéis irão à pé. Em 2020 não houve nenhuma celebração, por causa da Covid-19 e a necessidade de isolamento social; já no ano passado, a procissão de Corpus Christi foi simbólica, por meio de uma carreata.

E uma preocupação da prefeitura da cidade histórica é ensinar os moradores como fazer os tapetes, para evitar que a tradição acabe, já que houve uma redução de participantes nos últimos anos. “Nossa preocupação é ampliar o número de pessoas que fazem os tapetes, para que possamos fazer uma celebração ainda maior no ano que vem”, diz o secretário.

A tradição dos tapetes durante a procissão de Corpus Christi veio com os portugueses que chegaram ao Brasil em busca de ouro e pedras precisosas, na época da colônia. A manifestação cultural e religiosa está presente em várias cidades e mobilizam os católicos todos os anos.

Na Catedral Cristo Rei, no Juliana, região Norte da capital, a montagem começou por volta das 14h desta quarta (15). O tradicional tapete que marca o trajeto da procissão com o Santíssimo Sacramento tem como tema “Fome e Eucaristia”. Além da procissão, dom Walmor de Oliveira, arcebispo de BH, celebrará missa e haverá distribuição de alimentos para pessoas carentes. As refeições serão preparadas na catedral, a partir da iniciativa “Dai-lhes Vós Mesmos de Comer”.

Em Ouro Preto, onde a procissão de Corpus Christi é secular, a confecção dos tapetes começou às 20h dessa quarta e deve varar a noite. O trajeto da procissão, da Basílica de Nossa Senhora
do Pilar até a igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, é de aproximadamente três quilômetros e todo coberto de tapetes devocionais de serragem. A Prefeitura tem a expectativa de participação de 20 mil pessoas no feriado.

Em Mariana, primeira capital de Minas, após dois anos com as restrições devido à pandemia, neste ano, as celebrações e procissões voltam a acontecer normalmente. O arcebispo metropolitano, dom Airton José dos Santos, presidirá a celebração solene de Corpus Christi às 17h na Praça dos Ferroviários.

 

Fonte: Hoje em Dia
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