Uma nova arma contra a obesidade pode surgir nos próximos anos. Apostando na ineficiência energética, um grupo de pesquisadores norte-americanos conseguiu fazer com que os músculos de ratos de laboratório virassem gastadores de energia, tornando-os, assim, resistentes ao acúmulo de energia e combatendo a obesidade.
Apesar desse contratempo, os pesquisadores apostam que deram o primeiro passo contra o excesso de gordura, que tem chance de ser explorada em humanos com as devidas modificações. Afinal, em pontos tão básicos do metabolismo quanto o gasto de energia, a diferença entre pessoas e camundongos é bem menor do que se imagina.
Ao operar seu truque, Alekseev e companhia precisam brigar com milhões de anos de evolução. É que, num mundo onde a comida sempre foi escassa, o organismo dos seres vivos foi otimizado pela seleção natural para ser pão-duro, economizando o máximo de energia para continuar vivo. Um desses mecanismos para evitar a gastança é o chamado canal de potássio sensível a ATP, molécula que é o principal combustível do organismo. Esse canal, o KATP, avisa as células sobre a disponibilidade de energia, impedindo que elas gastem mais do que podem obter do corpo. Os canais KATP, portanto, são uma espécie de salvaguardas da economia de energia corporal.
Graças a esses conhecimentos e a curiosidade científica, os cientistas buscaram retirar esses sensores que não dispunham dos canais KATP em suas células musculares. Os pesquisadores compararam o desenvolvimento e o metabolismo dos bichos com outro grupo de camundongos, sem alterações genéticas. As duas classes de cobaias foram acompanhadas durante cerca de um ano, por meio da comparação de parâmetros como consumo de oxigênio e presença de gordura corporal.
Ambos os tipos de roedores receberam, em dado momento, dietas ricas em gordura, semelhantes às que levam as pessoas à obesidade. O que acontece é que os dois grupos manifestam diferenças de peso a partir de 20 semanas de vida, e elas acabam permanecendo até o fim da vida. Os camundongos sem os canais KATP, quando submetidos à dieta gorda, acabam com peso normal, equivalente ao dos camundongos não modificados com dieta mais regrada.

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