Com a série de mortes de cães com suspeita de intoxicação por petiscos para pets, donos de animais de estimação já alteram a rotina. Entre as mudanças, evitam snacks industrializados, recorrem a petiscos caseiros e até frutas. Já os fabricantes afirmam seguir padrões de qualidade e dizem que os clientes devem evitar somente os lotes especificados pelo governo. E os especialistas alertam que os pets devem ingerir somente comida indicada por profissionais.

Além da Petitos, a Bassar Indústria e Comércio Ltda, a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog comercial Ltda receberam a determinação para o recolhimento de produtos após a detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21), fornecidos pela empresa Tecnoclean. Ao menos 54 mortes de cachorros são investigadas em diversos Estados. Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não existe diretriz de suspender o uso de produtos que contenham propilenoglicol na sua formulação.

Frutas

Apreensivo com os relatos, o dono da cachorrinha Milka de 3 anos o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares dela. “Em casa, tenho dado mais alimentos naturais, frutas que não fazem mal, como maçã e banana favoritas da Milka. A veterinária recomendou as frutas e disse para inicialmente observar algum estranhamento. Ela se adaptou bem.”

No dia a dia, o tutor também começou a verificar com mais cautela as marcas e fórmulas presentes nos rótulos das embalagens. “Estou mais atento e cauteloso com relação à escolha da marca, elementos e ingredientes, um hábito que deveria ser frequente, mas que na correria diária acaba passando batido”, ressaltou ao dizer que já havia comprado petiscos de uma das marcas que tiveram produtos recolhidos.

Yokomizo apenas mantém o uso de petiscos – recomendados pelo adestrador – durante os treinos realizados pela Milka, cachorrinha bastante alegre, expressiva e energética que ele adotou há dois anos. “Os petiscos são um grande aliado do adestramento e compramos de marcas mais conhecidas”, disse ele.

O adestrador comportamentalista Thiago Barbieri, de 41 anos, logo que teve conhecimento dos casos envolvendo intoxicação de cães, orientou os tutores sobre a importância de ser adotado o hábito de ler cuidadosamente o rótulo das embalagens. “Sempre procurei usar petiscos mais naturais de fornecedores que conheço por entender que petiscos mais naturais oferecem mais benefícios aos cachorros.”

Dona do Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, a arquiteta Rafaela Galvagni, de 32 anos, afirma que sempre foi cautelosa com a alimentação de seu companheiro de quatro patas. “Recentemente, começamos a comprar uma marca de petiscos que é 100% natural e orgânica, mas diante de tudo que está acontecendo não tem como não ficarmos ainda mais cautelosos.”

Minas Gerais

Edmeia Braga, veterinária há 13 anos, tem duas unidades na região leste de Belo Horizonte, um pet shop (Pet Floresta), e uma clínica com de banho e tosa (Vetmais). Ela conta que vem recolhendo praticamente 90% dos petiscos de suas lojas. Entre seus clientes está Lilian Cunha, gerente administrativa, de 55 anos, tutora da Nina, uma shitsu, de 14 anos, que morreu no dia 14. “Foi uma morte súbita, infelizmente. Eu me sinto muito culpada, porque mesmo a Edmeia, que sempre foi nossa veterinária sendo contra, eu sempre dei petiscos.”

Sobre os produtos industrializados, a veterinária Verônica Ferreira de Oliveira Souza, da Clínica Veterinária Confiança, recomenda que o tutor busque marcas conhecidas. “E que oferecem vitaminas aos animais. Independentemente de ser natural ou não, é importante lembrar que o petisco não é uma alimentação.”

Para Luiza Cervenka, consultora comportamental de cães e gatos e autora do Blog Comportamento Animal do Estadão, mesmo com relação aos alimentos naturais, os cuidados não podem ser deixados de lado com a conservação dos alimentos utilizados. “Alguns tutores, que estão apreensivos em dar petiscos aos cães, solicitam receitas de petiscos caseiros. Porém, são alimentos mais perecíveis, que devem ser usados em poucos dias para que não haja contaminação por fungos ou bactérias”, explica.

Empresas

Entre as empresas que receberam a notificação do Ministério da Agricultura, a Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, logo após o início da fiscalização, afirmou que, preventivamente, iniciou a retirada dos produtos dos pontos de venda.

A Bassar Pet Food também continua realizando o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro de 2022. E vem tomando todas as providências para ajudar na investigação dos fatos.

Já a FVO Alimentos informa que o propilenoglicol é utilizado na composição apenas dos produtos retirados do mercado. Todas as demais marcas produzidas pela companhia continuam sendo comercializadas, não havendo dúvidas quanto à segurança para consumo.

Procuradas novamente pela reportagem, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog Comercial Ltda não se pronunciaram até o momento. Especializada em serviços e venda de produtos para animais de estimação, a Petz afirma que foi criado um canal de teleorientação com veterinários e reforça que adota “rigorosos processos de controle de qualidade” com aos fornecedores. Todos os produtos investigados foram retirados das lojas.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) recomenda que os consumidores consultem o SAC das respectivas empresas, para ter mais informações sobre o respectivo lote do produto adquirido. E fiquem atentos às informações do Ministério da Agricultura. (Colaborou Marina Rigueira, especial para o Estadão)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo*

 

 

Fonte: Itatiaia

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