A invasão da Ucrânia pela Rússia, no dia 24.02, grandes produtores de trigo, petróleo e gás, fez encarecer ainda mais os alimentos e os combustíveis.
Depois de mais de 2 anos de pandemia, com quebra da produção mundial e problemas logísticos causando falta de insumos, a guerra trouxe queda da oferta de alimentos e minérios, e, com isso, agravou o cenário para a população em geral, principalmente para os mais vulneráveis.
As autoridades públicas apontam ser a pandemia e a guerra os culpados pela inflação e carestia.
O aumento de preços é sentido em todas as espécies de alimentos e locais, seja no supermercado, padaria, sacolão. Alface, cenoura, ovos, carnes, feijão, arroz, óleo de soja, farinha de trigo, macarrão, pão francês, gasolina, diesel, gás de cozinha, etc., tudo está caro. Não se encontram produtos para substituí-los.
O Brasil é um grande fornecedor de alimentos para o mundo, mas nem todos brasileiros têm acesso a uma cesta de alimentação completa e temos aumento do número de pessoas com fome.
O aumento do custo de vida gera dificuldades para a população e é o estopim para manifestações de insatisfações sociais. É preciso os governantes criarem um programa de segurança alimentar, com uma rede de fornecimento de alimentos a preços acessíveis para toda a população.
A disparada dos preços fez, na mesma proporção, aumentar a arrecadação de impostos de todos os entes federativos (União, Estados e Municípios) e, em ano eleitoral, desencadeou uma onda de novos gastos públicos.
Os discursos políticos contra os aumentos de preços são mera retórica para apresentar uma suposta empatia, mas não vemos atitudes concretas para enfrentar a piora da qualidade de vida de milhões de pessoas.
O aumento da arrecadação fez as autoridades fazerem as contas e ordenarem obras e reajustes dos salários e benefícios.
Os reajustes são necessários, mas sozinhos são paliativos. No mesmo momento dos reajustes, é obrigatório atacar a causa da perda do poder de compra dos salários e benefícios, mantendo as contas públicas equilibradas e preços controlados (sem inflação), para gerar ganhos sociais futuros reais e sustentáveis.
Além disso, a alta de preços das commodities (minérios e alimentos) gerou aumento da arrecadação e inflação em todos os países. No médio prazo, gerará uma recessão mundial, com diminuição da demanda desses produtos, com queda dos seus preços e, por consequência, da arrecadação de impostos.
Todas as decisões de gastos têm em mira as eleições de 2022. Controlar os preços exige atitudes drásticas na cadeia de produção, na emissão de moeda, na taxa de juros, no controle dos gastos públicos, etc, com desgastes políticos, mas reajustes para classes específicas traz ganhos eleitorais positivos. Nesse quadro, ajustes drásticos são adiados para depois das eleições.
Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista