Na primeira entrevista após vir à tona o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar ele e sua família, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou que que vai sugerir a criminalização do planejamento de atentados contra autoridades públicas.
“É um absurdo, por exemplo, a polícia descobrir que alguém está querendo matar uma autoridade pública e ela tem que esperar o crime começar para poder reagir”, disse Moro.
A afirmação foi feita em entrevista ao Estúdio I, na Globo News, no início da tarde desta quarta-feira (22). Também participou a esposa de Sergio Moro, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP).
Na manhã desta quarta, a Polícia Federal desencadeou uma operação contra os envolvidos no plano criminoso. Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em cinco unidades da Federação: Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. De acordo com as diligências da PF, os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados estavam nos estados de São Paulo e Paraná. Até as 9h40, nove pessoas tinham sido presas.
Moro contou que foi informado no fim de janeiro que havia um plano do PCC para sequestrar ele e pessoas de sua família. O senador disse se tratar de uma retaliação por sua atuação como ministro.
Quando era ministro de Segurança Pública, Moro determinou a transferência do chefe da facção, Marcos Camacho, o Marcola, e de outros integrantes para presídios de segurança máxima. À época, Moro defendia o isolamento de organizações criminosas como forma de enfraquecê-las.
Desde o início de fevereiro, Moro conta com escolta da Polícia Legislativa em agendas e viagens. No Paraná, sua terra natal, ele e a família têm proteção especial da Polícia Militar.
As medidas foram tomadas após o Ministério Público do estado de São Paulo identificar um plano para sequestrar e matar o parlamentar, sua mulher e os filhos do casal.
O MP de São Paulo comunicou Moro e a PF. Também ciente da ameaça, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acionou a Polícia Legislativa em 7 de fevereiro para providenciar escolta para o senador.
Policiais federais cumprem 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão
Cerca de 120 agentes foram às ruas cumprir 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão no Distrito Federal e nos estados de Rondônia, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
De acordo com as investigações, os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e Paraná.
A operação foi batizada de “Sequaz”, que se refere ao ato de seguir, vigiar e acompanhar alguém, devido ao método usado pelos criminosos para fazer o levantamento de informações sobre as possíveis vítimas.
Flávio Dino diz que autoridades de “vários estados” também eram alvo
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou, também, na tarde desta quarta que autoridades policiais de “vários estados” também eram alvos do plano elaborado pelo PCC. Ele não falou em quantidade nem nomes.
Até então sabia-se que na lista de autoridades a serem sequestradas e assassinadas estavam Moro e o promotor de Justiça de SP Lincoln Gakiya, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).
“Esses elementos indiciários, elementos de prova, conduziram a que Polícia Federal avançasse na investigação e chegasse na conclusão de que efetivamente havia um planejamento em curso para a execução de ações violentas tendo vários alvos, um promotor do estado de São Paulo, que era o alvo original, de onde nasce a investigação, que essas possibilidades envolviam também autoridades do sistema penitenciário de vários estados, integrantes da polícia de vários estados, e também o hoje senador da República Sérgio Moro”, disse Flávio Dino em pronunciamento à imprensa.
O ministro revelou que acionou o diretor da Polícia Federal após ser informado das suspeitas de ataques a autoridades por meio de Rodrigo Pacheco.
Fonte: O Tempo