O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta o pior índice de popularidade nos seus três mandatos, e os números mostram que a economia ainda é um dos principais desafios do governo. “É a economia, estúpido”, define a frase que ficou famosa durante a campanha de Bill Clinton, à Presidência dos Estados Unidos, em 1992, para indicar uma das mais importantes questões durante uma campanha eleitoral.

Isso explica o incômodo do Palácio do Planalto. De acordo com pesquisa Quaest, divulgada no último dia 2, a desaprovação do petista chega a 56% e é a maior do mandato. Além disso, para 56% dos entrevistados, o governo está na direção errada e 81% acreditam que Lula deve fazer diferente nos próximos dois anos.

Eu acho que a impopularidade tem responsabilidade: todos os ministros, todas as áreas, da área política, gestão, comunicação, todo mundo. E que isso já vem de algum período ou de agora. Isso não tem absolutamente nenhum problema”, justificou Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

Coincidência ou não, na semana em que a mais recente pesquisa de opinião foi divulgada, o governo realizou um evento para apresentar as entregas desses dois anos de mandato. No campo da economia, destacou dados positivos, como as altas do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e 2024, o aumento real do salário mínimo, a geração de empregos e a baixa taxa de desemprego.

Mas os números revelados pela pesquisa Quaest demonstram que, no dia a dia do brasileiro, a percepção é de que a economia piorou no país. Para 56% dos entrevistados, a economia do Brasil está pior nos últimos 12 meses. A alta no preço dos alimentos é um dos principais motivos de insatisfação. Comparado com um ano atrás, 81% dos entrevistados apontam que o poder de compra dos brasileiros atualmente é menor.

Além disso, 88% acham que o preço dos alimentos nos mercados subiu no último mês; 70% dizem que o preço do combustível está mais caro; e 65% avaliam que a conta de água e de luz está mais ‘salgada’ no fim do mês. Na opinião de 53% dos participantes, está mais difícil encontrar um emprego hoje do que há um ano.

Em 2024, a inflação fechou o ano a 4,83%. O preço dos alimentos foi o que mais se destacou no período, com alta de 7,69%. O café, por exemplo, subiu quase 40% no ano passado, e o aumento no preço da carne foi de 20,8%. A alta do dólar também impactou no custo dos alimentos. A moeda americana encerrou 2024 com uma alta acumulada de 27,35%.

 

Presidente Lula vai conseguir reverter esse cenário?

O governo já percebeu o problema e anunciou medidas para facilitar o acesso ao crédito e tentar conter a alta dos alimentos, como a redução de alíquota de importação para alguns alimentos. Ainda apresentou projeto para isentar do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês e conceder descontos àqueles que recebem até R$ 7 mil.

Mas os esforços podem não surtir efeito. De acordo com a pesquisa Quaest, apenas 26% dos entrevistados serão beneficiados, por exemplo, com a isenção ou o desconto no Imposto de Renda, sendo que 35% já são isentos.

Confira as principais medidas adotadas recentemente pelo governo para melhorar a popularidade:

  • Crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada do setor privado. Com o FGTS como garantia, o governo prevê que a taxa de juros caia cerca de 40%, quase a metade do que é cobrado atualmente.
  • Isenção de impostos de importação sobre alimentos como carnes, café, milho, azeite, açúcar e outros, com o objetivo de reduzir os preços. Segundo especialistas, a medida pode impactar pouco, já que a importação desses itens atualmente é baixa e, em alguns casos, a oferta externa é pequena.
  • Isenção do Imposto de Renda (IR), a partir de 2026, para quem ganha até R$ 5 mil por mês, além de desconto parcial e regressivo àqueles que recebem até R$ 7 mil. A proposta era uma promessa de campanha de Lula, mas ainda precisa ser aprovada no Congresso.

 

 

Fonte: Ana Paula Ramos – O Tempo

 

 

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