Quase um terço da população brasileira entre 15 e 64 anos é analfabeta funcional, segundo dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). O índice de 29%, registrado em 2024, é o mesmo de 2018, indicando estagnação nos avanços educacionais no país. O problema atinge com mais força pessoas com 50 anos ou mais, além de evidenciar desigualdades raciais e sociais profundas.

De acordo com o Inaf, apesar de alguns avanços pontuais, os dados revelam limitações estruturais no enfrentamento do analfabetismo funcional no Brasil. O problema é especialmente grave entre pessoas com mais de 40 anos, atingindo mais da metade da população com 50 anos ou mais.

A pesquisa também escancara disparidades raciais no acesso à alfabetização plena. Enquanto 41% dos brancos foram classificados como alfabetizados consolidados, o índice cai para 31% entre pretos e pardos, e é ainda menor entre indígenas e amarelos, com apenas 19%.

Anna Helena Altenfelder, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), contextualiza a origem dessa desigualdade. “Nos primórdios do Brasil, os analfabetos eram os negros, as indígenas, as mulheres. Pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever, e este privilégio era resguardado aos homens brancos”, afirma.

Ela ressalta que essa lógica de exclusão persiste até os dias atuais. “Quem são as crianças que não se alfabetizam? São as mais pobres, negras, indígenas, quilombolas, com deficiência, de áreas rurais ou da periferia dos grandes centros urbanos”, explica.

Para Anna Helena, garantir o direito à alfabetização para todos é fundamental para romper com o ciclo de exclusão educacional que ainda marca a sociedade brasileira. Enquanto persistirem barreiras sociais, econômicas e raciais no acesso à educação de qualidade, o país continuará enfrentando desafios estruturais na superação do analfabetismo funcional.

Com informações do G1 Centro Oeste

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