Acordo com a ByteDance prevê participação majoritária de investidores americanos e visa garantir segurança nacional e continuidade da plataforma no país.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quinta-feira (25/9) uma ordem executiva que estabelece os termos de um acordo para transferir o controle das operações do TikTok no país. O objetivo, segundo o presidente, é permitir que a plataforma permaneça ativa de forma “segura”.
O decreto autoriza um grupo de investidores liderado por empresas americanas a adquirir 80% das operações do aplicativo, em conformidade com uma lei federal que exige que plataformas como o TikTok sejam controladas por empresas dos Estados Unidos ou por investidores considerados “confiáveis”. A empresa chinesa ByteDance, que detém o TikTok, manterá uma participação inferior a 20%, conforme o documento divulgado pela Casa Branca.
O governo americano justificou a medida com base em preocupações sobre o possível uso do aplicativo por Pequim para acessar dados confidenciais ou disseminar propaganda. Há meses, autoridades vêm buscando investidores não chineses para assumir o controle da versão americana do TikTok, avaliada em US$ 14 bilhões (cerca de R$ 75 bilhões), segundo o vice-presidente JD Vance. O acordo prevê uma presença mínima da ByteDance na nova estrutura empresarial.
O TikTok afirma ter mais de um bilhão de usuários em todo o mundo, sendo mais de 170 milhões apenas nos Estados Unidos — quase metade da população do país.
Durante a cerimônia de assinatura, Trump afirmou que a versão americana do aplicativo será administrada por investidores “altamente sofisticados”, entre eles Larry Ellison, fundador da Oracle, e Rupert Murdoch, magnata da mídia, ambos aliados ideológicos do presidente. Também devem integrar o grupo as empresas de investimento Silver Lake Management e Andreessen Horowitz, do Vale do Silício. Apesar da proximidade política com os investidores, Trump garantiu que o aplicativo não seguirá uma linha partidária.
“A alienação proposta permitiria que milhões de americanos que usam o TikTok todos os dias continuassem a usá-lo, ao mesmo tempo em que protegeria a segurança nacional”, declarou o presidente.
Lei e acordo em andamento
Embora ainda existam incertezas sobre o acordo, Trump afirmou que o líder chinês Xi Jinping concordou com sua implementação. “Houve alguma resistência da China, mas nosso principal objetivo era garantir a operação do TikTok, ao mesmo tempo em que protegíamos a privacidade dos dados dos americanos, conforme exigido por lei”, disse JD Vance, apontado como um dos principais arquitetos do pacto.
Em 2024, durante o governo de Joe Biden, o Congresso determinou que o TikTok deveria ser vetado nos Estados Unidos caso seu controle não fosse transferido para uma empresa suficientemente separada da matriz chinesa, especialmente no que diz respeito ao acesso de Pequim aos servidores que armazenam dados dos usuários.
Trump adiou a aplicação da lei por meio de sucessivas ordens executivas, sendo a mais recente a prorrogação do prazo até 16 de dezembro de 2025. A nova ordem assinada nessa quinta-feira estende esse prazo por mais 120 dias, até 23 de janeiro.
Durante coletiva de imprensa, o presidente afirmou que “os jovens” estavam implorando para que ele “salvasse o TikTok”. Ele mencionou o ativista conservador Charlie Kirk, assassinado no início do mês, como responsável por incentivá-lo a entrar na plataforma.
Mudanças previstas no TikTok
Segundo Vance, o acordo permitirá que os americanos continuem a usar o TikTok com mais tranquilidade, pois seus dados estarão protegidos e não serão utilizados como ferramenta de propaganda. O vice-presidente destacou que o aplicativo contará com um modelo nacional do algoritmo atual, considerado o “ingrediente secreto” do sucesso da plataforma. Ele garantiu que a empresa americana e os investidores terão “controle total” sobre o algoritmo.
Vance também revelou que a Oracle já armazenava dados da plataforma mesmo quando a ByteDance ainda controlava o TikTok nos Estados Unidos.
Com informações do Metrópoles
