Alvo principal da Operação Spare, deflagrada na última quinta-feira (25), o empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, é proprietário de metade de um helicóptero avaliado entre US$ 2 milhões e US$ 7 milhões (até R$ 35 milhões), segundo sites especializados. O detalhe que chama atenção nas investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) é que o outro coproprietário da aeronave tem vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Flavinho, investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), é suspeito de chefiar um esquema de comercialização de combustíveis adulterados e de lavagem de dinheiro por meio de motéis e casas de jogos de azar. O empresário detém metade de um helicóptero modelo EC 130 B4, registrado em nome de uma empresa.

A outra metade da aeronave, da marca Eurocopter France, pertence a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão. Ele foi sócio de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC assassinado em novembro de 2024. Gonçalves também aparece em outras investigações, como a Operação Carbono Oculto, onde é apontado como peça-chave em esquemas de desvio e lavagem de capitais.

De acordo com o relatório do MPSP, as operações Spare e Carbono Oculto se conectam por meio da atuação de Gonçalves e da movimentação de valores suspeitos na fintech BK Bank, que estaria sendo usada para ocultar dinheiro de origem ilícita. Os promotores apontam que depósitos em espécie realizados nessa instituição por diferentes núcleos investigados podem indicar relação direta com o crime organizado.

Ainda segundo os autos, José Carlos Gonçalves mantinha “sólidos vínculos com atividades ilícitas, especialmente lavagem de capitais e ligações com organizações criminosas“, reforçando a suspeita de conexões entre os envolvidos.

Casa frequentada por lideranças do PCC

O Gaeco também identificou que a residência de Flavinho, localizada em Itu (SP) e avaliada em R$ 4 milhões, foi ponto de encontro de lideranças do PCC. O imóvel foi frequentado por Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, morto em 2018, e por Rafael Maeda Pires, o Japa, morto em 2022. Segundo os promotores, ambos eram figuras centrais na organização criminosa.

Defesa nega envolvimento

Em nota enviada ao portal Metrópoles, a defesa de Flávio Silvério Siqueira afirmou que o compartilhamento do helicóptero com José Carlos Gonçalves ocorreu antes de qualquer acusação contra ele, e que o processo posteriormente foi anulado.

Sobre a residência em Itu, a defesa alegou que o imóvel nunca pertenceu a Flavinho, e que ele apenas locava o espaço para eventos. Esses eventos, segundo a nota, teriam sido organizados por uma empresa, que à época pertencia aos próprios Cabelo Duro e Japa, os quais também “prestavam serviços para grandes personalidades do país”.

A defesa ainda afirmou que Flávio “jamais integrou ou colaborou com qualquer facção criminosa” e que foi absolvido por inexistência de provas em processo anterior. Também nega envolvimento com o BK Bank e afirma que o empresário encerrou suas atividades no ramo de combustíveis em 2008, atuando desde então apenas no setor de motéis, “sempre de forma regular”.

Sobre as atuais investigações do MPSP, a nota ressalta que Flávio sempre se colocou à disposição da Justiça, inclusive por meio de petições em 2024 e 2025. Ainda assim, foi alvo de buscas consideradas arbitrárias, das quais “nada de ilícito foi encontrado“, segundo a defesa.

A operação levanta suspeitas sobre conexões entre empresários do setor de combustíveis e estruturas ligadas ao crime organizado, com ramificações que envolvem lavagem de dinheiro, uso de fintechs e ativos de alto valor como helicópteros. A investigação do MPSP segue em andamento e aponta possíveis laços entre Flavinho e figuras centrais do PCC, apesar das negativas formais apresentadas pela defesa.

Com informações do Metrópoles

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