Pesquisadores identificaram, pela primeira vez, moléculas básicas para a vida congeladas fora da Via Láctea. Os compostos foram detectados ao redor da protoestrela ST6 — uma estrela jovem e em formação — localizada na galáxia Grande Nuvem de Magalhães (LCM).

A descoberta foi conduzida pela pesquisadora Marta Sewilo, da Nasa e da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e publicada em 20 de outubro na revista científica Astrophysical Journal Letters.

Moléculas orgânicas complexas

Os cientistas identificaram cinco moléculas orgânicas complexas (MOCs) — compostos que contêm carbono e possuem pelo menos seis átomos. A detecção foi possível graças ao uso do instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do Telescópio Espacial James Webb (JWST), que permite observar estrelas em formação dentro de nuvens de poeira.

Entre as substâncias encontradas estão compostos comuns na Terra, como etanol e metanol — este último, presente em bebidas alcoólicas adulteradas. Também foram identificados formiato de metila e acetaldeído, usados na fabricação de produtos industriais, além do ácido acético, principal componente do vinagre.

É a primeira vez que metanol, etanol, formiato de metila e acetaldeído são encontrados fora da Via Láctea. Já o ácido acético nunca havia sido detectado em estado congelado em nenhum ponto do espaço. Os pesquisadores ainda encontraram indícios da presença de gliceraldeído, molécula associada aos açúcares do RNA, embora sejam necessárias mais investigações para confirmar a descoberta.

Implicações para a origem da vida

De acordo com os autores do estudo, os resultados ajudam a compreender melhor a origem das moléculas básicas para a vida.

“O que aprendemos na Grande Nuvem de Magalhães pode ser aplicado à compreensão dessas galáxias mais distantes, de quando o universo era muito mais jovem. As condições extremas nos dizem mais sobre como reações químicas orgânicas complexas podem ocorrer nesses ambientes primitivos, onde há muito menos elementos pesados como carbono, nitrogênio e oxigênio disponíveis para reações químicas”, explica Marta em comunicado.

Próximos passos da pesquisa

O grupo pretende ampliar as buscas por moléculas orgânicas até a galáxia mais próxima da Terra, a Pequena Nuvem de Magalhães.

“Com essa descoberta, fizemos avanços significativos na compreensão de como a química complexa surge no universo e abrimos novas possibilidades para pesquisas sobre a origem da vida”, exalta a pesquisadora.

A descoberta representa um avanço importante na astrobiologia e reforça o potencial do telescópio James Webb para desvendar os processos químicos que antecedem o surgimento da vida no universo.

Com informações do Metrópoles

 

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