A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez duras críticas nesta sexta-feira (31) ao posicionamento de governadores ligados a partidos de direita, acusando-os de fomentar divisões políticas e contribuir para discursos de intervenção militar dos Estados Unidos na América Latina.
Em publicação nas redes sociais, Gleisi afirmou que os governadores deveriam unir esforços com o governo federal no combate ao crime organizado, por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18, conhecida como PEC da Segurança Pública, apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional.
“Não vale assinar”
“Ao invés de somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula ao Congresso, os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado, investem na divisão política e querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”, escreveu a ministra.
Gleisi também comparou os governadores ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está morando nos Estados Unidos desde março. Segundo ela, o parlamentar teria atuado para fomentar sanções comerciais contra o Brasil, além de apoiar a aplicação da Lei Magnitsky e a suspensão de vistos de autoridades brasileiras.
“Não conseguem esconder seu desejo de entregar o país ao estrangeiro, do mesmo jeito que Eduardo Bolsonaro e sua família de traidores da pátria fizeram com as tarifas e a Magnitsky”, disparou.
PEC da Segurança Pública em debate
A PEC 18 propõe que a União seja responsável por elaborar a política nacional de segurança pública, cujas diretrizes seriam obrigatórias para estados e municípios, com participação do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. O governo federal afirma que a proposta mantém a autonomia das forças estaduais e distritais.
No entanto, o texto tem sido alvo de críticas por parte dos governadores que integram o recém-criado Consórcio da Paz. O grupo defende que a PEC representa uma tentativa de intervenção nas polícias estaduais e fere a Constituição de 1988.
“O único objetivo do governo federal é tirar dos governadores as diretrizes gerais da segurança pública. Querem transferir nossa autonomia e transformar em diretriz geral do Ministério da Justiça”, afirmou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Consórcio da Paz e operação no Rio
Na quinta-feira (30), sete governadores se reuniram no Rio de Janeiro para anunciar o Consórcio da Paz, iniciativa que visa integrar ações de inteligência, apoio financeiro e reforço policial no combate ao crime organizado. Participaram do encontro os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Riedel (PP-MS), Ronaldo Caiado (União-GO), além da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) participou por videoconferência.
Durante a reunião, os governadores elogiaram a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio, que resultou na morte de 121 pessoas — incluindo quatro policiais — e na apreensão de 93 fuzis. Apesar do impacto na cidade, com vias interditadas e clima de tensão, o principal alvo da ação, Edgar Alves de Andrade, o Doca, líder do Comando Vermelho, não foi capturado e segue foragido.
Gleisi encerrou sua manifestação reforçando que segurança pública deve ser tratada com seriedade. “Segurança pública é uma questão muito importante, que não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros. Combater o crime exige inteligência, planejamento e soma de esforços”, concluiu.
Com informações da Agência Brasil










