O Banco Central (BC) informou, nessa terça-feira (4), que construirá uma nova infraestrutura tecnológica para o Drex, a futura moeda digital brasileira. O anúncio foi feito durante reunião com os participantes do projeto-piloto e marca uma mudança significativa na estrutura do programa, considerado um dos principais projetos de inovação da autoridade monetária.
A decisão ocorre após o BC confirmar que a “fase 3” do projeto não utilizará a tecnologia blockchain, base da rede Hyperledger Besu, que vinha sendo usada nas duas primeiras etapas do Drex. A desativação dessa rede está prevista para a próxima segunda-feira (10).
O blockchain é um registro digital descentralizado em que as informações são agrupadas em blocos interligados por criptografia, permitindo que as transações sejam validadas pelos próprios participantes, sem necessidade de uma autoridade central. A escolha de abandonar esse modelo foi motivada por preocupações com os custos elevados de manutenção do ecossistema digital, levantadas por representantes do mercado financeiro.
Segundo o BC, o setor será ouvido na definição dos novos formatos para a infraestrutura digital do Drex. O relatório da fase 2, inicialmente previsto para outubro deste ano, deve ser publicado apenas no início de 2026.
A fase 3 continuará os estudos sobre a implementação da moeda digital, com foco na eficiência do uso de ativos como garantia para operações de crédito. Nessa etapa, a funcionalidade de pagamentos deverá deixar de ser prioridade, enquanto o BC avalia novos caminhos para o desenvolvimento do projeto.
Até o momento, o Banco Central não definiu quantas fases ainda serão necessárias para a conclusão do projeto-piloto, nem se o blockchain voltará a ser utilizado em etapas futuras. Apesar das mudanças, fontes próximas às discussões garantem que o projeto segue ativo.
Nas etapas anteriores, 16 propostas foram selecionadas para participar do piloto. Posteriormente, o BC escolheu 13 temas, entre mais de 40 recebidos, para serem desenvolvidos por instituições e consórcios selecionados na fase inicial.
Entenda o que é o Drex:
Anunciado em 2023, o Drex será a primeira moeda digital oficial do Brasil, representando uma versão eletrônica do real físico, emitida e garantida pelo Banco Central. Assim como o real em papel, a moeda digital seguirá os mesmos fundamentos de valor e estabilidade, sendo distribuída ao público por bancos e instituições de pagamento.
De acordo com o BC, o Drex poderá ser utilizado em operações financeiras como empréstimos, seguros e investimentos, além de possibilitar novas aplicações por meio de “contratos inteligentes”, que automatizam processos e reduzem a burocracia.
Um exemplo citado pela autoridade monetária é o da compra e venda de veículos: com o Drex, o pagamento e a transferência de propriedade poderiam ocorrer simultaneamente, de forma automática e segura.
Outro princípio orientador do projeto é a interoperabilidade, ou seja, a capacidade de o Drex se integrar aos meios de pagamento existentes, como o Pix. Dessa forma, usuários poderiam realizar compras em estabelecimentos ou transferir valores em reais digitais, que poderiam ser convertidos em depósitos bancários tradicionais ou sacados em dinheiro físico.
Com a decisão de reformular a base tecnológica do Drex e ouvir o mercado sobre novas soluções, o Banco Central busca ajustar o projeto às demandas práticas do sistema financeiro, mantendo o objetivo de lançar uma moeda digital estável, eficiente e acessível. Embora o cronograma tenha sido estendido, o Drex continua sendo uma das principais apostas de modernização financeira do país, com a próxima fase prevista para o ano que vem.
Com informações do Metrópoles










