Com aparência que lembra um rato, mas mais próximo dos cangurus, o saruê é um marsupial cada vez mais presente nas áreas urbanas brasileiras. As espécies mais comuns são a Didelphis albiventris, de orelhas brancas, e a Didelphis aurita, de orelhas pretas.
Apesar da má fama, os saruês são grandes aliados dos humanos. Onívoros oportunistas, alimentam-se de insetos, frutas, ovos, carniça, pequenos animais e até lixo. Essa dieta variada os torna importantes controladores de pragas urbanas, como escorpiões, baratas, aranhas, carrapatos, roedores e pequenas cobras.
“O saruê aguenta substâncias que derrubariam muitos outros mamíferos, incluindo o veneno de aranhas, escorpiões e serpentes como jararacas e cascavéis. Isso significa que, além de não se prejudicarem em encontros perigosos, ainda podem predar filhotes de animais peçonhentos sem maiores consequências”, explica o biólogo George Xavier, do Instituto Parque dos Falcões, em Sergipe.
Hábitos e adaptação
De hábitos noturnos e solitários, os saruês se adaptam facilmente a diferentes ambientes, incluindo áreas florestais e urbanas. Um dos principais fatores que os atraem para as cidades é o descarte incorreto de lixo, que facilita o acesso a alimentos.
“Eles se aproximam das áreas urbanas principalmente por dois motivos: facilidade de encontrar alimento — como lixo mal acondicionado, restos de comida e frutas de quintal — e a perda de habitat, causada pelo avanço das cidades sobre áreas verdes”, afirma a professora de biologia Emanuele Abreu, do Colégio Católica Brasília.
O que fazer ao encontrar um saruê
Ao se deparar com o animal, especialistas recomendam manter a calma e deixá-lo seguir seu caminho. Caso esteja ferido, preso ou dentro de casa, a orientação é acionar órgãos responsáveis, como a Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros ou secretarias municipais.
“O ideal é não tentar tocar, capturar ou espantar de forma agressiva, pois eles se assustam facilmente e podem reagir apenas para se defender. Geralmente, basta dar espaço para que sigam seu caminho — em poucos minutos, vão embora por conta própria”, orienta Xavier.
Desinformação e preconceito
Frequentemente confundidos com ratos ou gambás, os saruês são alvo de ataques injustificados. Além do preconceito com o cheiro, há quem acredite que transmitam raiva, o que não é verdade.
“O saruê tem uma temperatura corporal baixa, o que dificulta a replicação do vírus da raiva. Com isso, ele não é um repositório desse vírus”, esclarece o professor de biologia José Nascimento da Silva Júnior, do Colégio Marista de Brasília.
Importância para o equilíbrio urbano
Embora não estejam ameaçados de extinção, os saruês enfrentam riscos crescentes nas cidades, como atropelamentos, ataques de cães e perseguição humana. A perda de habitat por queimadas e desmatamento também preocupa especialistas.
“A convivência entre seres humanos e animais no meio urbano vai além dos cuidados com os pets. As cidades são habitats para muitas espécies e o conhecimento é a melhor forma de superar preconceitos e viver harmoniosamente”, conclui Silva Júnior.
Com informações do Metrópoles












