A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu que o motorista de um ônibus de uma viação dormiu ao volante e causou o acidente que deixou quatro mortos e 40 feridos na BR-040, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. O inquérito, finalizado nessa quinta-feira (16), aponta o condutor, de 51 anos, como responsável pelo trágico episódio ocorrido no dia 5 de setembro, no km 779 da rodovia.

Investigação apontou que o motorista lutava contra o sono

De acordo com o delegado Daniel Buchmüller, responsável pelo caso, as imagens das câmeras internas do ônibus interestadual foram fundamentais para esclarecer a dinâmica do acidente. Os registros mostram o motorista visivelmente sonolento durante boa parte do trajeto, bocejando e cerrando os olhos repetidamente.

É nítido que ele luta contra o sono, e que o acidente ocorreu em um lapso em que o investigado dorme ao volante”, afirmou Buchmüller.

As imagens externas, obtidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mostram o veículo se deslocando para a direita, em velocidade compatível com a via, até colidir com a traseira de um ônibus do transporte público municipal, que estava parado em um ponto de embarque e desembarque regular. Testemunhas relataram que o ônibus desviou bruscamente para a lateral da pista momentos antes da colisão.

Vítimas estavam no ônibus urbano

As quatro vítimas fatais, duas mulheres, uma adolescente e uma criança de 2 anos — estavam no ônibus urbano de Juiz de Fora. Outras 40 pessoas ficaram feridas no acidente. A perícia descartou qualquer responsabilidade do motorista do coletivo municipal, que havia parado corretamente no local destinado ao embarque e desembarque de passageiros.

Indiciamento e reincidência

Com base nas evidências, o motorista do ônibus interestadual foi indiciado por quatro homicídios culposos (quando não há intenção de matar) e por lesões corporais culposas. Ele responderá pelos seguintes crimes:

  • Homicídio culposo na direção de veículo, com pena majorada por ser motorista profissional;
  • Lesão corporal culposa, também com pena majorada;
  • Lesão corporal qualificada.

O delegado ainda solicitou a suspensão cautelar da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do motorista, destacando o histórico de imprudência no trânsito. O investigado possui sete registros de ocorrências em Minas Gerais, sendo dois deles com resultado de morte — um em 2010 e outro em 2021.

A reincidência em condutas imprudentes ao volante demonstra a necessidade de impedir que o investigado volte a dirigir enquanto responde judicialmente”, disse Buchmüller.

A investigação também concluiu que não há indícios de responsabilidade por parte da viação. O motorista havia retornado de férias e essa era sua primeira viagem após o descanso, o que afasta a hipótese de sobrecarga de trabalho.

Procurada pela reportagem, a empresa informou que não irá se manifestar sobre o caso.

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que dará continuidade aos trâmites legais. A Polícia Civil orienta que as vítimas de lesões corporais que ainda não formalizaram representação criminal procurem a corporação para garantir o prosseguimento das investigações.

Com informações do Hoje em Dia

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